terça-feira, 24 de junho de 2008

O Pântano e o Riacho - uma resenha

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
PROBLEMAS DA HISTÓRIA DE PERNAMBUCO
SEVERINO VICENTE DA SILVA









O Pântano e o Riacho





Aluna: Wanessa Teles






Recife, 20 de março de 2008.


Introdução

O presente trabalho se propõe a fazer uma discussão acerca do livro O Pântano e o Riacho do historiador Raimundo Arrais. Este livro foi fruto da tese de doutorado de tal estudioso, cuja personagem principal é a própria cidade do Recife.
A partir do recorte histórico que vai de 1840 a 1890 Arrais traça a trajetória da cidade que de burgo triste alcançará o posto de capital da província pernambucana em detrimento de Olinda, já no século XVII.
O período histórico enfocado, segundo o autor do livro, foi escolhido em virtude dele ser inaugurador do progresso, desencadeado na Europa e transplantado para a cidade, que não ficará imune às mudanças que serão implementadas pelas elites, tencionando projetá-la a condição de cidade “civilizada”, entretanto veremos no decorrer da discussão sobre a obra que o progresso irá acentuar muitas contradições de uma sociedade calcada, ainda, no trabalho escravo, e que embora a elite recifense almejasse dar uma ar de “civilidade” ao Recife cada segmento social se apropriará do espaço público de formas distintas.

















Tomando como referencial histórico o século XIX, mais precisamente, os anos de 1840 a 1890, Raimundo Arrais resgata a História da cidade do Recife, cujo objeto de exame é a própria capital da província pernambucana. Utilizando-se de uma perspectiva histórico-social do urbano, o historiador supracitado reconstrói a História da cidade a partir das transformações urbanas implementadas pelas elites recifenses, que imbuídas por valores transplantados dos grandes centros urbanos europeus, timoneadas pelo fulgor do progresso, sendo este inaugurador da modernidade, irá imprimir na cidade um caráter pedagógico, dando-lhe um aspecto de “civilidade” que será concretizado na transfiguração de: Práticas, comportamentos, valores... A cidade aqui é palco das mudanças tanto de ordem material como também simbólica, carregando em sua “alma” a subjetividade das representações humanas.
Ao discorrer sobre a historiografia pernambucana Raimundo Arrais traz à tona uma discussão acerca de uma lacuna no que concerne ao estudo da História do Recife do século XIX. Alguns historiadores que estudaram tal período não atentaram para os fenômenos da produção material e simbólica da cidade, esta na concepção do autor durante muito tempo foi relegada em detrimento de eventos políticos, econômicos... Que movimentaram a História do Recife e de Pernambuco, observa-se, pois, um apego às tradições por parte dos intelectuais no que tange a reprodução do imaginário, do tradicionalismo e do status quo, perpetuando as tradições no pensamento da historiografia pernambucana.
Além desse desinteresse por parte de alguns historiadores de fixarem a cidade como objeto de problematização historiográfica, concretizado na escassez de estudos, a cidade quando vista por alguns escritores do século XX, mais especificamente, quando da intervenção urbanística implementada durante a vigência do Estado Novo. Este fato fará com que os mesmos remontem ao passado do Recife de forma nostálgica e melancólica, fixando seus olhares nas questões pitorescas da cidade, algumas fornecidas pelos diários de viajantes europeus que estiveram na capital no início do século XIX. Um exemplo fornecido por Arrais é Estevão Pinto, que embora tenha sido pioneiro na reconstituição do passado histórico da cidade, este irá absorver por demais os relatos de tais viajantes, sendo seus escritos desprovidos de um senso crítico, isto é, problematizador.

Vê-se, portanto, na obra O Pântano e o Riacho, uma inovação no diz respeito aos estudos acerca da História do Recife e um incentivo aos que futuramente quiserem seguir por esses meandros historiográficos, além do mais, essa produção acadêmica veio acrescentar ao preencher essa vacância nos estudos da História de nossa cidade.
A seguir, é relevante ressaltar a contribuição que os flamengos deram a cidade do Recife, visto que as intervenções urbanísticas implementadas pelos holandeses irão fomentar as atividades econômicas com as construções de pontes, propiciando uma interação entre a cidade e seus arrabaldes, dando uma maior dinamicidade a capital da província. Um outro aspecto interessante abordado pelo autor é no que concerne à conquista de territórios, através dos aterramentos, que apesar da historiografia dar ênfase a ampliação do espaço pelos flamengos, Raimundo Arrais nos fornece informações acerca da atuação da irmandade do santíssimo sacramento da Boa Vista, que embora fosse impelida a fazê-lo por questões relacionadas ao culto divino, estas não excluem o desejo de ocupar solos abertos a expansão urbana. Além da atuação do clero também houve a participação de particulares no aumento da área habitável. Essa observação feita pelo autor descentralizou um pouco o foco sobre a contribuição flamenga, mormente no que se refere à maximização do espaço da planície recifense sobre as áreas alagadiças, ampliando a visão do leitor ao trazer informações no que tange à participação de alguns setores da sociedade na conquista do solo da cidade.

Com a transformação do Recife em vila em detrimento de Olinda, e sendo aquela uma intermediária nos assuntos econômicos, já que era por intermédio de seu porto que se efetuavam as trocas comerciais, dando a cidade um incremento populacional como também prestígio administrativo, além se ser a terceira em importância no império. Uma crítica que faço ao autor é que o mesmo ao trabalhar com dados quantitativos sobre a população do Recife, ele não explica um decréscimo que houve entre os anos de 1872 a 1890, passando a população de 116.671 a 111.556, respectivamente, deixando o leitor sem uma noção exata dos fatores que influenciaram na baixa populacional, pois naquele momento a cidade passava por um momento de transformações, e é legítimo pensar numa atração populacional e não numa retração, no entanto mais adiante ele ao tratar da questão da salubridade pública, evidencia a questão das epidemias que assolaram a província durante o período enfocado.

Dando seqüência à obra há um destaque ao progresso, que era visualizado por intermédio dos empreendimentos urbanos implementados pelas elites recifenses, um fato muito curioso abordado por Arrais é a questão do emprego do ferro nas construções erigidas pela cidade, que era visto como um fator de desenvolvimento, isto é, progresso. Outro âmbito interessante em relação às construções é que as mesmas tentavam imprimir um caráter moralizador com o emprego de mão-de-obra livre nas edificações, além evocar uma espécie de culto ao trabalho, tudo isso com intenção de impressionar aos que aportavam no Recife, principalmente, os viajantes europeus.

A partir do contexto progressista vivenciado pela cidade, é muito interessante quando da abordagem pelo autor da questão no que diz respeito a concepção de teatro como escola dos bons costumes, meio de instrução e formação dos povos, é nessa perspectiva que o teatro de Santa Isabel será concebido, com toda sua pompa em estilo neoclássico, um reflexo da influência européia, mais precisamente italiana, visto que é na Europa que as autoridades irão buscar o exemplo de “civilidade”, forjando no indivíduo urbano um modelo de homem do século do progresso.

Outros sinais de progresso que eram vistos pela cidade eram as praças ajardinadas, espaços de sociabilidade e lazer, que irá excluir uma boa parte da população, visto que o populacho era sempre alvo de críticas nos jornais da cidade, pelo seu mau comportamento, destruindo os espaços naturais construídos pelas autoridades administrativas. É notório que com o advento do progresso fossem acentuados as diferenças no comportamento dos vários segmentos sociais, pois cada um irá se apropriar desses espaços de maneira distinta, vê-se portanto uma certa ingenuidade das elites recifenses em querer adaptar a realidade européia à realidade local, visto que por mais que tentassem dar ares civilizados a cidade por meio de suntuosas construções o cotidiano era,ainda, de uma sociedade baseada no trabalho escravo e com profundas disparidades sócio-econômicas.

Embora as elites Recifenses fossem buscar no continente europeu um referencial no tocante a civilidade, essa tentativa pareceu meio turvada, quando da contratação de uma companhia inglesa responsável pelo saneamento da cidade, que fora no período estudado alvo de inúmeras críticas por parte dos médicos salubristas, inclusive, o médico e vereador Lobo Moscoso responsável pela salubridade pública do Recife, já que além de não resolver os problemas que tanto atormentavam a população no que concerne a questão dos encanamentos por onde deveriam escoar os excrementos, quando solicitado seus serviços a mesma ao fazê-lo escolhia os momentos inadequados para desobstrução dos encanamentos, principalmente no verão, quando a disponibilidade de água era escassa, mostrando a estreiteza do atendimento por parte da companhia inglesa.

Levando em consideração o que fora supracitado, o autor poderia ter explorado essa ausência por parte da Recife Draynage de meios técnicos eficientes relacionados a problemas tão básicos que é a questão do saneamento, pois se as elites iam buscar na Europa, particularmente, na França e em Londres um paradigma de civilização, como é que uma companhia inglesa era tão incompetente ao ponto de não solucionar problemas de ordem pública, a princípio, básicos, embaraçando a vida dos moradores dos sobrados, muitos dos quais não possuíam sequer vasos sanitários, corroborando a fragilidade operacional de tal companhia.

Ao longo da obra, Arrais vai mostrando ao leitor as inúmeras dificuldades das elites, especialmente das autoridades administrativas em dar a cidade requintes de civilização, sendo as contradições acentuadas à medida que o progresso ia se instalando por meio das edificações e seus modelos arquitetônicos suntuosos. Essas contradições ficavam patentes na precariedade dos serviços prestados a população, tais como: Saneamento básico precário, dificuldade para fazer o censo populacional, precariedade no abastecimento de água para a população... Ou seja, serviços imprescindíveis a uma cidade que almejava fazer parte do universo progressista não conseguia resolver problemas básicos para um bom funcionamento da capital da província e até mesmo para o bem estar de sua população.

Além disso, por mais que as autoridades quisessem imprimir na população um comportamento dito civilizado, essa mesma população muitas vezes contrariava essa perspectiva. Um exemplo bem comum era o hábito dos moradores dos sobrados jogarem suas águas utilizadas para o asseio pessoal pelas janelas, batizando os transeuntes que tinham o infortúnio de passarem na hora em que a água era despejada, esse é só um exemplo do ideal de homem civilizado que as elites tentaram forjar, mostrando seu insucesso tendo em vista a permanência de tais práticas.
À medida que o progresso, mesmo que modestamente, ia se instalando pela cidade, um progresso luminoso surgia para registrar de um lado as obras arquitetônicas, os bondes, as maxabombas...Sinais de desenvolvimento como esses eram contrapostos aos hábitos não civilizados da população, a exemplo de indivíduos que urinavam nas ruas, deixando-as com um odor desagradável, além de constranger as damas que passavam nessas horas, essa imagem foi publicada pela América Illustrada, que denunciava a falta de moralidade pública dos moradores da cidade.

Outras cenas captadas pelas câmeras fotográficas eram as que diziam respeito ao cotidiano da população recifense, nas quais o elemento negro está muito presente nas representações das imagens. É muito comum negros carregando damas que passeavam em suas cadeirinhas de arruar, negros despejando os tigres com excrementos de seus senhores no mar, negros carregadores de água, negras vendedoras de doces... Todas essas cenas foram registradas por H. Lewis em 1848. Outros registros mostravam os hábitos avessos à questão da salubridade pública, tais como: Animais sendo lavados nos rios, enquanto mulheres lavavam suas roupas, cozinhavam, tomavam banho e em outro plano da mesma imagem um casal contemplando construções que atestavam o progresso vivenciado pela cidade.
Por conseguinte, no final do livro o autor não se propôs ir mais além de comentários simplórios acerca da introdução do elemento fotográfico, além de uma análise pouco aprofundada das fotografias, deixando de explorar com mais afinco as contradições registradas pelo recurso ótico entre as mudanças acarretadas pelo progresso e os hábitos da população, inclusive, o cotidiano escravo retratado em muitas das imagens, que insistia em permanecer.

Bibliografia:

ARRAIS, Raimundo. O Pântano e o Riacho: A formação do espaço público no Recife do século XIX. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2004.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Sertão do Araripe

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO – UFPE
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: PROBLEMAS DA HISTÓRIA DE PERNAMBUCO
PROFESSOR: SEVERINO VICENTE DA SILVA











O SERTÃO DO ARARIPE






IZABELLE FELICIANO, INGRID MOURA, ANDRÉ MENDES, MARCONE MENDONÇA,
LUANA JOELMA.








Recife, junho de 2008



SUMÁRIO


INTRODUÇÃO.......................................................................................................01

1. Araripina...............................................................................................................02

2. Santa Cruz............................................................................................................04

3. Exu.......................................................................................................................04

4. Santa Filomena.....................................................................................................05

5. Granito.................................................................................................................05

6. Ouricuri................................................................................................................06

7. Ipubi.....................................................................................................................06

8. Moreilândia...........................................................................................................09

9. Trindade................................................................................................................10

10. Bibliografia.........................................................................................................14

11.Anexos.................................................................................................................15



INTRODUÇÃO

A Microregião de Araripina é formada por dez municípios, tem mais de 11% da área do Estado (11.792 km2). Seu clima é o semi-árido, e a vegetação é predominantemente de Xérofilas. Apenas na região da Chapada do Araripe o clima é diferenciado – ameno e com índices pluviométricos maiores. Na economia da microregião, tem grande destaque a produção de gesso – no pólo gesseiro de Araripina, Ipubi, Trindade, Bodocó e Ouricuri sai 95% do gesso consumido em todo o Brasil. A maioria do gesso retirado das jazidas do pólo gesseiro é tratado em Araripina, cidade mais desenvolvida, rica e importante da microregião. A segunda cidade em importância é Ouricuri, com posição estratégica na malha viária.
As Cidades que entegram a microregião são: Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Moreilândia, Ouricuri, Santa Cruz, Santa Filomena e Trindade.












ARARIPINA

“Uma mina de progresso no coração do Nordeste”.

Araripina constituía um distrito de Ouricuri e tinha a denominação de São Gonçalo. O distrtito de São Gonçalo foi criado pela Lei Municipal de 01 de julho de 1893 contando na época com 8 ou 10 casas e a capelinha de Nossa Senhora da Conceição, primeira e única padroeira do lugar. A Lei Estadual no. 991, de 01 de julho de 1909, elevou o povoado à Vila como distrito de Ouricuri. Em 1922, o Bispo de Pesqueira, Dom José Lopes criou a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de São Gonçalo do Sauhem, que até 1933 ficou sob a responsabilidade do Vigário de Ouricuri. Em 14 de junho de 1923, chegou o primeiro Vigário residencial, iniciando a partir daí, uma nova era para São Gonçalo. Surgiu a primeira Escola Estadual em 21 de junho de 1950 e vieram vários melhoramentos.
Em 1928, começou a luta pela independência do distrito. O Município foi criado pela Lei Estadual no. 1.931, de 11 de setembro de 1928, que teve vigência a partir de 01 de janeiro de 1929, quando foi instalado. O Decreto – Lei Estadual no. 952, de 31 de dezembro de 1943, mudou a denominação do Município de São Gonçalo para Araripina, provavelmente, pelo fato de ser localizado nas imediações da Chapada do Araripe. Alguns historiadores defendem a tese de que o nome Araripina deriva etimologicamente do tupi: ara + iba, ou iriribá: coloração vermelha. Outra tese bastante aceita e divulgada diz que o topônimo Araripina origina-se do termo Arari(Pe), devido à localização no sopé da Chapada do Araripe, acrescido do sufixo “Iná”, vindo do nome do famoso missionário sertanejo Padre Ibiapina, que edificou a primeira capela da cidade. É, ainda, assunto de pesquisas e estudos. Outros nomes sugeridos à comissão encarregada de elaborar o Projeto de Reforma Administrativa do Estado de que resultou o Decreto-Lei no. 952, de 31 de dezembro de 1943, foram: Oestina, Cararama e Ibiçaroca (alusão ao grande valado ao pé da Serra do Cariri e que termina em Exu). Administrativamente, o Município compõe-se dos distritos: sede, Lagoa do Barro, Nascente, Bom Jardim do Araripe, Morais e pelo povoado de Gergelim, Feira Nova, Cavaco, Serrânia, Sipaúba e Lagoa de Dentro. Anualmente, no dia 11 de setembro, Araripina comemora a sua emancipação política.
Distando aproximadamente 690 km da capital Estadual, Recife, tendo como acesso rodoviário as BR’s 316 e 232, e a Rod. PE585. Suas coordenadas geogáficas são 7°,32’ e 45’’ de latitude Sul; 40°,34’, de longitude W. Gr. Com altitude de 622m. limitando-se ao Norte com o Município de Campos Sales-CE; a Oeste com os Municípios de Fronteiras, Marcolândia e Simões-PI; ao Sul com o Município de Ouricuri-PE e ao Leste com os Municípios de Trindade e Ipubi-PE.
Com uma área de 1.906km2, Araripina representa 1,7% da área total do Estado e se insere totalmente na Bacia Hidrográfica do Rio Brígida. Possui clima semi-árido quente com uma temperatura média anual de 24°C; precipitação pluviométrica média de 700mm/anuais, com solos adequados para cultivos temporários ou permanentes de vegetação típica de caatinga.

II – Canto às Origens

ARARIPINA

Araripina é Estrela do Araripe
Urbe que se alteia bonita
Nesse majestoso araxá do gesso

Araripina é topônimo erudito de Mário MeloVoz tupi, aglutinante de termos primários.- “ 'RARI ” e “ PINA” – reunidos na forma daPalavra absoluta – ARARIPINA.
Sua origem remonta ao ancestral mongol Semitoasiático – tupiná – gênese de TupãQue fez a se mesmo – O PRIMEIRO PAI
São etinos orientais que nos faz lembrar,O Canto agreste d’arara, no cimo da chapada- “ Ará, ará” – sempre a cantarAs origens remotas de Araripina.
Araripe – é a grande serra, irmã gêmea de Ibiapina- Pátrio rincão tropicalOnde nasceu a doce IracemaSímbolo de – beleza – e bravura
D'ascendênte de Araribóia – O guerreiro cobraQue do País, fez sairO invasor “Mair da França Antártica”
- Meu Comandante Camarão, olha lá!Astro rei dos “ 'RARI”É o sol, é o dia, é – Araripina Estrela – luzQue alumia a mente tupiná do meu Sertão. Esse poema faz parte do Livro do Professor e Naturalista, Vicente Alexandre Alves, intitulado As Origens e Riquezas Naturais de Araripina, como sede da região do Araripe, ainda aguardando publicação, podendo ser copiado sem restrições, desde que citada a fonte.

SANTA CRUZ

No ano de 1929, durante uma peregrinação pelo sertão, dois frades capuchinhos, tiveram que interromper a viagem devido a uma febre que acometeu um deles permanecendo no local por cerca de um mês. Abrigaram-se sob o pé de um juazeiro. Diversas famílias acorriam a eles para assistência espiritual e celebração dos sacramentos e missas. Despediram-se da região deixando uma grande cruz de madeira no local onde se abrigavam.
Esta cruz foi encontrada pelos vaqueiros do fazendeiro José Correia, senhor de muitas terras e escravos que habitava a região. José Correia pediu que trouxessem a cruz à fazenda, colocando-a na capela. A cruz passou a ser objeto de veneração da população local, que visitava a capela em busca de proteção divina. Ao seu redor começou a surgir a povoação. Aos poucos surgiu a festa da Venerada Santa Cruz, que ocorre de 1 a 3 de maio, que além dos rituais religiosos também conta com barraquinhas de comidas típicas e bebidas, bingos, danças, etc.
O distrito de Santa Cruz, subordinado ao município de Ouricuri foi criado em 23-01-1915. Foi elevado à categoria de município autônomo pela estadual nº 10623, de 10-01-1991, e instalado em 1993. O município é constituído pelo distrito sede, Varzinha, Poço D'Antas, Caçimba Nova, e Santa Helena.


EXU


Longe de ser oriundo do nome homônimo de um orixá, a cidade do aclamado Rei do Baião, Exu parece ter sugido da força da interação entre os fonemas LUSA e TUPI. A ele são atribuídas duas origens. A primeira como corruptela do nome de uma tribo local, Açu, ou ainda, do nome dado pelos indígenas da mesma tribo ao que seria o ferrão de espécies de abelhas comum à região, chamados “Enxu ou Inchu”.
A história desse município é mais um exemplo de um desenvolvimento independente e autônomo dos grandes centros urbanos. A implantação da economia açucareira na Zona da Mata e Litoral pernambucano pareceu direcionar a migração de portugueses apenas a essas áreas. Exu era uma área mais remota. Estava mais voltada para fora do Estado, para ser mais exato o oeste do Ceará, do que para dentro do próprio Estado.
A fixação em Exu remonta a exploração do Sertão do São Francisco. Ocorreu perante as graças do chefe da tribo Açu, o Cacique Araripe, cuja tribo aldeiada junto à fonte da Gameleira indicou aos primeiros portugueses onde se fixar, junto a uma área cujo terreno era da melhor qualidade para pecuária e agricultura. Era a encosta da Chapada do Araripe, sede de onde se formaria o primeiro foco de povoamento português, e que ficou conhecido posteriormente como Exu Velho.
A penetração desse território seguiu a expansão do nordeste. Seus principais fundadores, de sobrenomes Araripe, Alencar, Sampaio, entre outros, transpassa a história do município até os dias atuais. Contaram estes, como em outros casos que serão citados nesse trabalho, com a chegada de frades jesuítas, que logo cuidaram de erguer uma capela local, dedicada ao Senhor Bom Jesus dos Aflitos. Pronto! Estavam mobilizados os ingredientes de uma receita, que continham como produtos principais uma elite local, assessorada por uma Igreja Católica de forte atuação.
O Padre João Batista de Holanda, vindo da Paraíba com a missão de catequizar, iniciou em outra área, a construção da Igreja Matriz, também dedicada a Bom Jesus dos Aflitos. Ao redor desta Igreja surgiram casas de comércio e residências, local da pedra fundamental da Cidade de Novo Exu, onde hoje seria a Praça Casimiro Ulisses.
O Município propriamente dito foi instalado apenas em 1846, pela lei provincial de Nº 150. Porém, Exu vai ficar sujeita a várias alterações administrativas que tornaram sua história política bem conturbada, ora restaurando sua autonomia, ora sendo anexado a outros povoados, como Ouricuri, Cabrobó, Granito. Exú só foi reconhecido como Comarca em 07 de junho de 1885, fato que não durou muito tempo, sendo suprimido enquanto município pela Lei Provincial de nº 608 de 03 de Abril de 1895.
Somente em 1907 é que ocorre a restauração administrativa definitiva da administração de Exu, marco que a 08 de setembro do mesmo ano, faz-se celebrar o aniversário da cidade.

SANTA FILOMENA

Quase não foram encontradas fontes de pesquisa sobre este município. As poucas linhas encontradas dizem que Santa Filomena foi desmembrada do território de Ouricuri, tendo uma história bastante recente, foi criado em 22 de setembro de 1997, com base na lei estadual complementar nº 15 de 1990, Santa Filomena possui base econômica na agricultura e pecuária, preservando diversos engenhos do período colonial. Nesta cidade também existem vestígios da atuação das missões jesuíticas, fato que pode ser facilmente verificado em um passeio pelas ruas da cidade que leva a visualização da Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios.

GRANITO

O município de Granito leva esse nome devido à predominância dessa rocha na região. Esse município, que hoje se estima ter 6.492 habitantes, segundo dados IBGE, foi criado em 1859, às margens do Rio Brígida, na antiga fazenda Poço Dantas pelo vigário José Modesto Correia de Brito, que construiu uma capela na região com o nome de Nossa Senhora do Bom Conselho. Se observarmos bem, veremos que esse fato é muito comum nas áreas interioranas do território brasileiro, pois grande parte desses municípios do interior “nasceu” ao redor das capelas e igrejas que iam sendo construídas pelos vigários e padres.
Com a criação da capela de Nossa Senhora do Bom Conselho, começou-se a se edificar um povoado. Em 1863, esse povoado recebeu, através da lei provincial de 9 de abril nº548, a honra de Vila, cuja sede foi transferida do termo Exu para Granito, pelo próprio vigário José Modesto, fundador da capela que deu origem ao povoado. No ano seguinte ao da Proclamação da República, foi criada pelo Sr. Juiz de direito Alfredo Afonso Pereira a Comarca de Granito. A 5 de junho de 1893, Granito constituiu-se município autônomo. Em 1924, ainda na República do Café com Leite, Bodocó passa a ser sede do município de Granito. E em 1938 o município passa a se chamar Bodocó, sendo Granito rebaixado a condição de distrito. Só no ano que antecedeu o golpe civil-militar de 64 é que Granito foi desmembrado do município de Bodocó, e conseguiu novamente sua autonomia, sendo elevado à condição de Cidade.
Hoje, o município de Granito é composto pelo município sede e pelos povoados de Rancharia e Lagoa Nova. Sua emancipação política é comemorada no dia 20 de dezembro, tendo como padroeira da cidade Nossa Senhora do Bom Conselho, nome da primeira capela, erigida pelo vigário José Modesto Correia. Sua Área é de 521,86 km² representando 0,53 % do Estado, 0,03 % da Região e 0,01 % de todo o território brasileiro. A principal base econômica de Granito é a agropecuária, onde se destacam o cultivo de milho e feijão.


OURICURI


Ouricuri começa a ser povoado em 1841 quando o padre Francisco Pedro da Silva compra terras de D. Brígida Alencar e constrói uma capela em homenagem a São Sebastião. Nos arredores da capela, que está inserida na bacia hidrográfica do rio brígida, começa a se desenvolver atividades agro-pecuárias. O próprio padre fundador do povoado dá o nome de Ouricuri àquelas terras; Esse nome é oriundo de uma palmeira. Porém existe a versão que diz que a origem do nome do povoado vem de um casal Goulart do século XIX, que compra parte das terras da fazenda de gado de D.Brígida Alencar. Esse casal, que fixa residência no local, dá o nome de “Aricuri” (termo indígena), que significa “duas serras juntas”.
Em 1893 Ouricuri foi transformada em município autônomo e teve como seu primeiro prefeito o tenente-coronel Elias Gomes de Souza. Sua fundação, no entanto, acontece em 1939, quando Alexandre Bernardino, juiz de direito da Comarca da Boa Vista, chega à cidade fugindo de uma epidemia de febre, a qual foi denominada na época de “carneirada”. A festa comemorativa da emancipação da cidade ocorre no dia 14 de maio
Hoje, esse município é formado pelos distritos de Barra de São Pedro e Santa Filomena. Possui uma área de aproximadamente 2.423 km2 e uma população de 58.653 habitantes (censo de 2000. IBGE). Sua principal atividade econômica é a agricultura, onde temos como principais produtos o feijão, algodão, mandioca, milho, cebola, tomate; ainda temos a criação de bovinos e aves, além da mineração. É importante que se diga que 40% das reservas de gipsita do mundo estão localizadas na região do Araripe, onde Ouricuri faz parte. Essa região é conhecida como pólo gesseiro e detém 95% da produção nacional de gesso, que se caracterizou pela criação de um parque industrial na região, que gera cerca de 12.000 empregos diretos e 60.000 indiretos.

IPUBI

Ipubi localiza-se a uma latitude 07º39'07" sul e a uma longitude 40º08'56" oeste, estando a uma altitude de 535 metros. Sua população estimada em 2004 era de 23.971 habitantes. Possui uma área de 972,17 km² e é formado pelos distritos de: Ipubi (sede), Serra Branca e Serrolandia e pelo povoado da Mineradora São Severino. O município faz parte da Região de Desenvolvimento do Araripe. Essa região representa 18,8% do território estadual com 18.576,9 km² e abrange ainda, os municípios de Araripina, Bodocó, Cedro, Exu, Granito, Ouricuri, Moreilândia, Parnamirim, Salgueiro, Santa Cruz, Santa Filomena, Serrita, Trindade e Verdejante. Seu acesso se faz através da BR-232 e PE-630.
Em 1938, agricultores de várias regiões começaram a habitar a Fazenda Poço Verde, nome inspirado num poço que raramente secava, suas águas eram cristalinas, uma parte coberta por plantas aquáticas que exaltava a cor verde das águas. Esses habitantes foram atraídos a esta fazenda, por ela possuir um solo predominantemente argiloso úmido e de bastante fertilidade, isso devido a sua localização no sopé da chapada do Araripe. Com essas boas características logo se construiu um povoado. O Poço abastecia todos os moradores da região, ao lado havia três grandes árvores frondosas, o juazeiro, o tamboril e a baraúna, cujas sombras abrigavam as pessoas que ali passavam em busca do descanso.
Em meados de 1938, comboieiros de várias regiões circunvizinhas transitavam por veredas, vilarejos, povoados e cidades, transportando ao lombo de burros com malas de couros os produtos regionais: sal, abacaxis, peixes, salgados, farinhas e outros. A sombra das árvores foi o local principal onde se realizou a primeira feira em 1938, criada pela necessidade dos habitantes que pouco a pouco crescia e se estendia nas caatingas do alto sertão pernambucano.
De uma maneira simples e de estilo rústico dos seus habitantes, realizou-se a primeira feira, na ausência de barracas, apenas sobre sombra das árvores, onde foram expostos produtos artesanais e comidas típicas da região.
Neste mesmo ano ao som de búzios dos vaqueiros houve uma convocação de voluntários com objetivo de desmatar o terreno para construção da futura vila. Tendo em frente deste movimento os senhores: Joaquim Eugênio Silva, Antonio Tavares e Aureliano Damascena Rodrigues. O terreno foi comprado à senhora Pulcina Maria de Siqueira e Marcelino Correia, logo em seguida foi doado ao patrimônio de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Padroeira da cidade, cuja festa é comemorada na primeira quinzena do mês de agosto.
O Sr. Antônio Tavares da Silva auxiliou na demarcação. Juntamente com o Dr. Inácio Gonçalves Guimarães, fizeram requerimento de demarcação e divisão da Fazenda mencionada, que teve como Juiz de causa o Dr. Ladislau Rego Barros, como agrimensores Jorge Calisto de Alencar e Manoel Alves Parente, que fizeram a demarcação e divisão da Fazenda como ela foi vendida, por quadras, braças e posse.
Terminada a demarcação, foi contado o total de 36.000 tarefas de terras, sendo 12.000 hectares de terras aproveitáveis e cerca de 7.000 a 8.000 não aproveitáveis, porque eram ocupadas pelas cordilheiras das terras e serrotes pedregosos. Finalmente demarcada e dividida a terra, a Fazenda Poço Verde ficou situada da seguinte forma: Ao norte limita-se com a fazenda Serra Branca, ao Oeste com a Fazenda Espírito Santo, ao Sul com a Fazenda Boa Esperança e Manuino e ao Leste com a Fazenda Queimadas, fazendo assim o perímetro dessa fazenda, salientando que é a Fazenda mais rica do sertão, suas terras todas são produtivas, além do solo bom, há no subsolo a maior reserva de gipsita da América Latina, onde estão localizadas as seguintes Mineradoras: Sítio Barbosa – Matarazzo, Sítio Baixas – São Severino, Mário Ferraz, Itapessoca, Calmina, Gesso Serra Branca, Buracão, Escorrego e a São Jorge.
Vendo a valorização das terras depois de serem demarcadas, seus fundadores chegaram à conclusão de criar um povoado. O lugar escolhido foi às margens do cacimbão, onde eram situadas 03 árvores, um Juazeiro, uma Baraúna e um Tamboril. Quando feita a demarcação dessa fazenda, foi deixado um esquadro de 04 tarefas dessa área como servidão pública. Bem próxima das 03 árvores já existia uma casa de taipa onde funcionava uma mercearia que pertencia ao Sr. Felipe Mudo e Camilo Pereira, ali era um lugar ideal para se reunirem muitos vaqueiros, criadores, camboeiros e finalmente os passageiros que trafegavam por aqui.
Ainda em julho de 1938, foi marcado um domingo para 1ª Feira, que se realizou com grande entusiasmo daqueles que fizeram parte, direta ou indiretamente desta. Depois de mais ou menos dois meses da 1ª Feira, as pessoas foram surpreendidas pela polícia, onde os delegados eram regionais e sempre cumpridores dos comandos de chefes políticos. O Comandante de Ouricuri, nessa época era o Coronel Anísio Coelho, que autorizou ao Delegado Olímpio Ferraz, acabar com a feira local. Mas felizmente depois de vista a feira, o Delegado surpreendeu-se com a multidão encontrada, e logo desistiu.
Com a continuação da feira, os políticos de Ouricuri e Serra Branca foram perdendo o apoio da população, e Poço Verde segui em frente. Naquele tempo não havia casa, os armazéns eram a própria terra, fazia-se montanhas de mamonas, algodão, milho, feijão etc. O açougue era um pequeno jirau de madeira, o teto era formado dos couros bovinos, vendidos ali. Então seus fundadores, sentindo o prazer e satisfação de seus habitantes e visitantes, convocaram todos os feirantes e discutiram uma forma de melhorar a feira, compraram mais 9 tarefas de terras ao Sr. Marcelino Correia da Silva, onde hoje são situadas a Praça professor Agamenon Magalhães e a Igreja Matriz. Esta terra era coberta de mata.
Foi marcado o dia da broca do terreno em 13 de outubro de 1938. D. Bernardina Mudo e suas auxiliares fizeram uma grande festa em baixo de um umbuzeiro, onde hoje é localizada a casa do Sr. Osvino Apolinário (falecido). No espaço de duas horas foram desmatadas as nove tarefas. A madeira feita lenha foi posta fora, os aceiros foram varridos no dia 03 de novembro do mesmo ano. Em seguida foram tirados os esquadros da Praça Professor Agamenon e das ruas adjacentes.
Assim começou o povoado de Poço Verde, hoje cidade Ipubi. Cidade esta, segundo seu principal fundador, foi a gloriosa Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro, que com a sua proteção cobriu de bênção e graças os habitantes que ali residiam, e deu-lhes coragem, inteligência e força para lutarem pela sua criação. Esta milagrosa padroeira teve sua imagem comprada no Rio de Janeiro, vinda de Avião até a cidade do Crato-CE., e seguida para uma fazenda na Serra do Araripe. Depois de alguns dias numa grande procissão trouxeram para o Sítio Virgínio, onde ficou por algum tempo, até que se concluísse o trabalho de sua Igreja, a qual teve início em Novembro de 1941. A primeira missa foi celebrada na referida Igreja no dia 22 de fevereiro de 1942, pelo Padre Luiz Gonzaga, onde também foi celebrado o casamento do Sr. Antonio Mudo com D. Maria Madalena Mudo.
Devido o seu progresso em 31 de Dezembro de 1943, o povoado foi elevado à categoria de Distrito, sendo então o seu nome mudado de Fazenda Poço Verde para Ipubi, nome indígena que significa “lugar úmido”. A Igreja não dispunha de recursos para ser terminada a sua construção, então o Padre Luiz Gonzaga com os demais moradores que , segundo registro do Sr. Antonio Mudo, não deixaram de lutar para ver a tão sonhada Ipubi, cidade livre, liberta, diante da falta de recursos para concluir a construção da Igreja local, convidou o Sr. José Cirilo Neto (Zé Milú). Fizeram uma festa com apresentação dos dois partidos (azul e vermelho) por eles representados, assim travou-se a batalha dos mesmos e no espaço de mais ou menos 4 meses, concluindo-se no dia 24 de junho de 1952, arrecadaram 82 Contos de Réis, que foi o custo da construção da torre da nossa Matriz, que teve como construtor o mestre Luiz.
Chegando ao fim da batalha de um povoado já com um pequeno matrimônio. Vale a pena salientar que os legítimos donos do Sítio Poço Verde, eram: D. Pulcina Siqueira de Vasconcelos e seus filhos, Miguel Francisco de Vasconcelos, outros irmãos de Marcelino Correia, a quem foi comprado o 1º patrimônio. O Sítio Poço Verde pertencia a D. Pulcina Siqueira de Vasconcelos, terra esta, que tinha sido comprada pelo seu falecido marido Manoel Davi de Vasconcelos na demarcação e divisão da Fazenda Poço Verde num total de 4.500 tarefas de terra, onde hoje é situada a cidade de Ipubi. Chegando ao fim da luta para criação do Povoado de Poço Verde, marcharam juntos com a padroeira Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro para criação do Distrito.
Desse período até março de 1962, a cidade de Ipubi pertenceu ao município de Ouricuri. Emancipou-se se tornando então independente em 02 de março de 1962, pela Lei nº. 3.340 publicada no dia 31 de Dezembro de 1958, que passou a vigorar quatro anos depois, em 02 de março de 1962.
Em Ipubi, a agricultura já foi a atividade econômica predominante, perdendo espaço atualmente para a exploração da gipsita. Ainda assim ainda são produzidos feijão, algodão, mandioca, mamona, milho, cebola e tomate. O rebanho de bovinos, e a criação de aves são outras fontes de renda do município. Ipubi é grande produtor de gipsita, razão da existência de várias empresas de calcinação de gesso instaladas no município. Empresas estas, grande parte provenientes de outras regiões do País, que além de serem responsáveis pelo beneficiamento da gipsita do município, proporcionam emprego, por conseguinte provocam o aquecimento da economia local.

MOREILÂNDIA

Durante a grande seca de 1877, vários agricultores do Ceará deixaram suas terras em busca de locais onde houvesse água para consumo humano e dessedentação animal. Foi o caso de Claudiano Alves Moreira, que veio de Iguatu, no Ceará, com sua família e rebanho. Dirigia-se provavelmente ao vale do Rio São Francisco. Entretanto, ao atravessar o sertão pernambucano, encontrou uma região desocupada, pertencente à paróquia de Granito, onde as terras eram férteis. Ao cruzar um riacho, observou poços d'água, o que o fez supor a existência de água subterrânea acessível, o que foi confirmado. Estabeleceram-se no local e foram seus primeiros habitantes. Cultivaram um sítio de frutíferas, que se desenvolveu bem. Logo o local passou a ser chamado Sítio dos Moreira.
A região se prestava a atividades agro-pecuárias e foi se desenvolvendo a partir desta atividade. A primeira igreja foi construída por José Alves Lopes, dedicada a Santa Terezinha e concluída em 1930. A primeira feira livre ocorreu em 1935.
O distrito foi criado em 10/05/1957, desmembrado do distrito de Carimirim, subordinado ao município de Serrita. Pela lei estadual nº 4.965, de 20 de dezembro de 1963, foi constituído em município autônomo e foi instalado em 19-05-1964.
Conforme a lei orgânica municipal foi realizado, em 31 de maio de 1991, um plebiscito visando a mudança do nome do município. A lei municipal nº 84/91, homologou a vontade popular mudando o nome de Sítio dos Moreiras para Moreilândia. Atualmente é constituído de 2 distritos: Moreilândia e Carimirim.
De acordo com o censo 2000 do IBGE, a população residente total é de 11.116 habitantes. Os habitantes do sexo masculino totalizam 5.586 (50,3%) enquanto que do feminino totalizam 5.530, (49,7%), resultando numa densidade demográfica de 18,00 hab/km2. A rede de saúde se compõe apenas de 02 ambulatórios e 01 hospital, com 27 Agentes de Saúde Comunitária. A taxa de mortalidade infantil, segundo dados da DATASUS é de 74,75 para cada mil crianças.
Na área de educação, o município possui 43 estabelecimentos de ensino fundamental com 3.444 alunos matriculados e 02 de ensino médio com 542 alunos matriculados. A rede de ensino totaliza 109 salas de aula, sendo 10 da rede estadual e 99 da municipal.
Dos 2.551 domicílios particulares permanentes, 1.076 (42,2%) são abastecidos pela rede geral de água, 466 (18,3%) são atendidos por poços ou fontes naturais e 1009 (39,6%) por outras formas de abastecimento. A coleta de lixo urbano atende 997 (39,1%) domicílios.
Os gastos sociais per capita são R$44,00 em educação e cultura, R$19,00 em habitação e urbanismo, R$21,00 em saúde e saneamento e R$15,00 em assistência e previdência social (1996). A economia formal do município se compõe basicamente do setor de serviços, do setor de comércio e do setor de Administração Pública, com 539 empregos.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDH-M- é de 0,364. Este índice situa o município em 96 no ranking estadual e em 4.368o no nacional.
O Índice de Exclusão Social, que é construído por 07 (sete) indicadores (pobreza, emprego formal, desigualdade, alfabetização, anos de estudo, concentração de jovens e violência) é de 0,303 ocupando a 115a colocação no ranking estadual e a 4.664a no nacional.

TRINDADE

O município de Trindade recebeu três nomes. Entre os quais, o primeiro foi “Feira do Toco”, devido a um terreno brocado há não muito tempo e por isso, havia vários tocos, onde foi realizada a primeira feira do município em 1948. Devido à alegria demasiada de alguns, onde consequentemente houve muita bebedeira e com isso varias brigas a feira também foi chamada de, “Feira do Pau”, nesse período, essa parte da terra tinha apenas uma casa de taipa e algumas barracas cobertas de folhas. Como esta localidade se encontra nas proximidades de uma lagoa denominada Espírito Santo o município recebeu nome homônimo e o padroeiro escolhido foi: Divino Espírito Santo.
A emancipação política ocorreu em 1963 e pelo fato de existir uma lei que proibia uma cidade ter nome de Estado, houve a necessidade de mudar o nome da mesma. Com a independência política acontecendo em 20 de dezembro de 1963, o nome dado ao município foi Trindade, que significa: Pai, Filho e Espírito Santo.
Em meados do século XIX, mais especificamente em fins de 1830, na região do sertão do Araripe, onde hoje se localiza a cidade de Trindade, chegou o Capitão Manoel Felix Monteiro, senhor rico que veio do estado da Paraíba, na cidade de Monteiro e que depois de residir nas imediações do Pajeú, na cidade de Flores, deste mesmo estado, dirigiu-se à região, pois reconheceu naquelas terras, fertilidade propicia para pecuária e a agricultura. Desse modo, o mesmo comprou as terras conhecidas por Sítio Baixo e Sítio Patí aos senhores Desidório Ferreira, Manoel Pereira, Antônio Barbosa, Raimundo Pereira e Matias Pereira. O Sr. Eufrásio da Costa Araújo, oriundo de Catolé do Rocha localizada no Estado da Paraíba, comprou 1850 ao Capitão Monteiro por trezentos mil réis os sítios Baixos e Patí. Vale salientar que essa transação comercial efetuou-se através de uma procuração pública passada para o Sr. Pacífico Lopes de Siqueira.
Cinqüenta e dois anos depois o Sitio Baixo foi vendido a diversos condôminos pelo Sr. Eufrásio essas terras foram, com o tempo, sendo vendidas e deixadas como herança. Já em 1936, o município desagregou-se, por Lei Estadual, do município de Ouricuri, ao qual pertencia e se agregaram ao município de São Gonçalo, atual Araripina.
Em 1947, na gestão do então perfeito, Sr. Manoel Ramos de Barros tencionou-se implantar uma feira no sítio Baixo, e assim após um ano, em 29 de janeiro, houve um encontro com a comissão de organização e criação da feira, dentre os quais se encontrava o Pe. Luiz Gonzaga Kerhle, vigário da paróquia de São Gonçalo que rezou a 1º missa campal da futura cidade de Trindade. A primeira feira foi realizada na mesma data, com grande movimento em barracas cobertas de folhas. Posteriormente a esse episódio teve início um levantamento topográfico das ruas que partiriam da Avenida Central. Em pouco tempo foram edificados prédios suficientes para o nascimento de uma vila e depois de um povoado.
A emancipação política de Trindade ocorreu em 1963, na gestão do então governador Paulo Pessoa Guerra, tendo sido nomeado para Prefeito interino o Sr. João Lino Barbosa, que dirigiu o município durante um ano. E a partir do seguinte ano foram realizadas eleições periódicas por voto, para prefeitos e vereadores.
Na feira, que teve origem em janeiro de 1949, e até 1984 foi realizadas aos domingos, eram negociados, em barracas de folhas, produtos como feijão, milho, mamona, farinha, querosene, carnes e peles de animais. Grande parte dos comerciantes eram moradores do local e transportavam seus produtos em animais como: jumento, cavalos, burros e carros-de-boi. Além disso, a feira era visitada por moradores dos municípios vizinhos como Jutaí, Petrolina, Cabrobó, Mirandiba, Araripina, Ouricuri entre outros. Com a evolução do comércio foram surgindo às primeiras casas e pontos comerciais chamadas de bodegas, onde se vendia o básico para a alimentação. Já nos anos 60, contava com lojas onde eram vendidos tecidos, cobertas, chapéus além de outros produtos.
A cidade de Trindade teve assim como o Divino Espírito Santo, uma festa comemorada no mês de maio. Passou com a emancipação e conseqüente mudança do nome da cidade, a ter como Padroeiro a Sagrada Família, que significa Pai, Filho e Espírito Santo. A festa de padroeiro da Sagrada Família é celebrada de 19 a 29 de setembro. Onde de frente a Igreja Matriz ocorre no dia 19, o hasteamento da bandeira, ato religioso que simboliza uma mensagem de Amor e Paz, abrindo as portas para a celebração do novenário da padroeira. Vale Salientar que a primeira igreja evangélica do município de Trindade foi a Assembléia de Deus, fundada em 1964, um ano após a emancipação política, pelo Senhor Pedro Francisco Barbosa. Ao longo dos anos foram surgindo outras igrejas e Trindade hoje conta com aproximadamente 4% de habitantes evangélicos.
Entre as festas de maior destaque na cidade, existe o carnaval, que se restringiam, a princípio, a manifestações de foliões que usando máscaras e sujando-se com talco, saiam de bar em bar e de vilarejo em vilarejo tocando valsinhas em difusoras e vitrolas. Com o passar dos anos a festa ganhou um novo perfil.
Por volta de 1974, um grupo de moços da cidade se juntou à amigos de cidades vizinhas, e tiveram iniciativas de organizar fanfarras, batucadas que passaram a dar um novo estilo ao nosso carnaval, daí nasceu a primeira escola de samba, e como o forte da animação era a bebedeira dos seus componentes, a escola foi denominada de MOWYDAMÉ. Vale salientar que, na região do Araripe, somente o município de Trindade realiza em grande escala a festa carnavalesca, razão pela qual toda a região do Araripe, prestigia, com aproximadamente 40 mil presenças nos quatro dias de festa. Um dos momentos mais forte o desfile das escolas de samba que é esperado com grande expectativa pelos foliões. Nessa festa também se destaca os grupos carnavalescos, dentre os quais se destacam Os Papa Léguas, Os Fugitivos, Agora é que são elas: “Dez Cabaça”, Polêmicos, Bloco da Sorte, Amigos, As Kafajestes, Os Tampas, Os Bocas, Os Bacanas.
Outra festa bastante comemorada, e antiga, é o São João. A princípio as festas aconteciam na quadra da escola Governador Paulo Guerra e eram bastante animadas, contava com apresentações de quadrilhas de todas as escolas do município, barracas e bebidas típicas, também com apresentações de sanfoneiros da região. Com o desenvolvimento da cidade e consequentemente com o aumento da população, a festa passou a ser realizada na Praça de Eventos e nas ruas, com os concursos de quadrilhas, de ruas e apresentação de shows com bandas regionais e artistas da terra.
A historia da educação de Trindade tem sua origem antes mesmo da sua emancipação política, quando o ensino de difícil acesso era oferecido em salões e residências, de forma publica e privada por professores sem formação, a maioria deles eram apenas alfabetizados e poucos tinham o primário completo (ensino fundamental I). Nessa época, o ensino de 1ª a 4ª série se fundamentava somente no desenvolvimento da leitura e escrita. Essa forma de ensino perdurou por quase três décadas. Após a emancipação, havendo melhor acesso no aumento do número de escolas (com funcionamento em salões) e conseqüentemente o aumento de professores contratados para lecionarem em turmas seriadas e multisseriadas de escolas urbanas e rurais direcionadas pelo Departamento Municipal de Educação (atual Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desportos).
O primeiro prédio escolar erigido foi o Ginásio Municipal de Trindade (atual Escola Municipal Governador Paulo Guerra), construído no governo do primeiro prefeito eleito, Otacílio Leocádio da Silva, com autorização do funcionamento do 1º ciclo secundário a partir de 01/03/1968. No ano de 1981 a escola recebeu autorização de funcionamento do segundo grau (atual ensino médio) com habilidade profissional de magistério e teve o seu nome mudado para Escola Municipal Governador Paulo Guerra.
O primeiro prédio de escolarização estadual foi a da Escola Governador Muniz Falcão, construído no Governo Nilo Coelho e na gestão do prefeito Otacílio Leocádio da Silva. Um projeto do presidente dos EUA, John Kennedy, com um programa de ajuda econômica aos vizinhos de continente beneficiou o Sertão do Araripe. A cidade de Trindade recebeu a Escola Governador Muniz Falcão, Ouricuri, a Escola D. Hidílio e Araripina a Escola Independência, todas com a mesma estrutura. Com o passar do tempo foram sendo construídas outras escolas municipais e estaduais de nível fundamental e médio. Com a conclusão do 2º grau, os estudantes sentiram a necessidade de cursar o 3º grau (atual ensino superior). Daí algumas famílias enviaram seus filhos para estudarem nos grandes centros.
Hoje, a educação Trindadense conta com 38 escolas publicas municipais, 10 na zona urbana e 28 na zona rural, 03 escolas públicas estaduais e 02 privadas. Contando com 7.500 alunos matriculados na rede municipal, 2.637 na rede estadual e 614 na rede privada. No ano de 1999, foi oferecido pela primeira vez um curso de nível superior no município. A Faculdade de Formação de Professores de Petrolina – FFPP estendeu o curso de pedagogia à Trindade, com aulas presenciais e duração de dois anos.




Bibliografia


· Atlas Escolar de Pernambuco/ Coordenador Manuel Correia de Oliveira Andrade. –João Pessoa.

Sites consultados (Todos consultados entre os dias 04/04/2008 a 09/05/2008 nos horários da tarde e da noite):

· www.araripina.com.br

· www.portalipubi.com

· www.pt.wikipedia.org

· www.citybrasil.com.br

· www.interlegis.gov.br/comunidade/casaslegislativas/municipal/PE/

· http://www.portaltrindadepe.com.br/mural.htm

· http://www.brasilchannel.com.br/municipios/mostrar_municipio.asp?nome=Trindade&uf=PE

· http://www.reidobaiao.com.br/historia-de-exu

· http://www.pe-az.com.br/turismo/exu.htm

· http://www.ferias.tur.br/informacoes/5423/santa-filomena-pe.html












Anexos:
ESCUDO OFICIAL DO MUNICIPIO DE ARARIPINA – PERNAMBUCO
AUTORIA: Estudante Gildenilson Gomes Pereira
Escolhido através de Concurso promovido pela DERE – Sertão do Araripe, por competente COMISSÃO INTERINSTITUCIONAL que se reuniu com esta finalidade no dia 31/05/1985, na sede do departamento Regional de Educação – Sertão do Araripe.
APROVADO pela Lei Municipal nº 1647 de 26 de Julho de 1985.
SANCIONADA em 30 de Julho de 1985 data a partir da qual foi oficializado.
CORES BASICAS: O dourado, o verde e o marrom.
COMPOSIÇÃO: No escudo com bordas douradas, figuram:
Na parte superior, uma engrenagem de três rodas dentadas, sendo que, ao centro da roda maior está característica ( representando as industrias );
Um pouco abaixo, na parte central do Escudo, no lado direito superior, nossos planaltos e montes, na cor marrom escura;
No lado esquerdo-inferior na parte central do escudo, de cor marrom-clara, o sertão e seu mais autêntico símbolo – o mandacaru, na cor verde;
Com o sol ao alto, na cor dourada, ambos representam os nossos dois tipos de solos comuns e nosso clima semi-árido;
Dividido Chapada e Sertão, uma faixa branca com cinco Estrelas douradas, com uma maior ao centro representando o Distrito.
O escudo pousa sobre uma coroa de ramos de feijão e milho, ambos na cor verde, ficando o ramo de feijão do lado direito e o milho do lado esquerdo do Escudo.
Os ramos surgem por trás das asas de uma Águia Dourada, que representa a nossa soberania.
Por fim, a Águia segura um listel azul, onde estão escritos : “ 1900 – Araripina – 1928” ( Datas de elevação à categoria de Vila e de Emancipação Política, respectivamente).
De conformidade com o Art. 4º da Lei Municipal nº 1647, a mesma entrou em vigor a partir de 11 de Setembro de 1985, data em que se comemora o Aniversario de Emancipação Política do Município.

Hino oficial de Araripina
Nos caminhos do Sertão andou teu povo
E, Pairando sobre ti, terra querida,
Pode ver então surgi um mundo novo
Que ganhou, com trabalho. Força e vida.
Não se esquece tua luta no passado,
Os teus filhos, com muita sapiência,
Defenderam o teu nome perante o Estado
Conseguindo conquistas a independência.
Salve, salve, salve, Araripina
Nossa história, nossa cultura!
Viva o seu verde, as suas minas.
E o teu povo, sua bravura.
És das flores do sertão a mais bonita,
Oásis do deserto brasileiro.
Tuas praças, teus jardins ninguém imita,
Teus o céu dos mais azuis o ano inteiro
Há muito mais beleza nos teus vales,
Na cidade e no olhar de tua gente,
Tu enfrentas, com coragem, muitos males.
E, por isso, o amor do teu filho é mais ardente.
Salve, salve...
Mais se um dia precisares de defesa,
De justiça, da paz e liberdade.
O filho teu fará tremer a natureza
Levantando a espada. Mestra da verdade
Se há tristeza é porque falta sorriso
Há saudades antes de despedir
A lembrança irá consigo ao infinito,
É um filho que acaba de partir.
Salve, salve...
Bandeira do Município

A Lei n°. 1.345, de 31 de julho de 1978, cria, compõe e oficializa a Bandeira do Município de Araripina. Criação de Francisco Alves de Souza. Cores básicas: Amarelo, Azul, Verde, Branco e Marrom. O círculo branco representa a paz, o trabalho com gesso e farinha de mandioca. Círculos sobrepostos representam os Distritos. O milho e a mandioca, as riquezas vegetais. As datas 1909 e 1928 representam as épocas das elevações de Vila e Cidade, respectivamente.

Cidades do Sertão do São Francisco

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: PROBLEMAS DA HISTÓRIA DE PERNAMBUCO
PROF.: SEVERINO VICENTE DA SILVA

ALUNOS: MARILENE GALDINO
RUI OLIVEIRA BARBOSA















SEMINÁRIO: O SERTÃO DE SÃO FRANCISCO








Recife, 17 de junho de 2008.

SUMÁRIO:

1. Introdução..............................................................................................03
2. O Sertão do Estado................................................................................03
3. Formas de Povoamento do Sertão.........................................................04
4. Bacia do São Francisco.........................................................................05
5. A Transposição do Rio São Francisco..................................................05
6. Belém do São Francisco – sua origem..................................................06
6.1 Fazenda Canabrava..............................................................................06
6.2 Fazenda Belém.....................................................................................06
6.3 Cidade...................................................................................................07
7. Petrolina..................................................................................................08
8. Dados relacionados à educação nos municípios da região...........................................................................................................09
9. Barragem de Itaparica.............................................................................12
10. CESVASF: Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco – Breve Histórico...........................................................................................15
11. Referências Bibliográficas....................................................................16















1. INTRODUÇÃO

Nosso trabalho se propõe a apresentar questões a respeito da região do Submédio do São Francisco, contudo mais particularmente centramo-nos na região do Vale do São Francisco. Temos a consciência que não conseguimos abranger todas as cidades, e mesmo aquelas que foram citadas neste estudo, tiveram um enfoque bem rápido e pontual. Entretanto gostaríamos de informar que a nossa preocupação não estava num levantamento de dados a respeito dessas cidades, mas evidenciar temáticas que acabam se inserindo na maioria delas, como as formas de povoamento, informações sobre agricultura e pecuária, algumas implicações da construção da barragem de Itaparica, entre outras.

2. O SERTÃO DO ESTADO

Ocupando aproximadamente 70% do território de Pernambuco, o Sertão é a maior região do Estado, onde predomina a caatinga: vegetação seca formada principalmente de jurema, pereiro, xique-xique, marmeleiro, e mandacaru.
No Sertão predomina latifúndios nas áreas de criação de gado. Os minifúndios são encontrados em maior número nas áreas mais elevadas das serras e chapadas, onde aparecem os “olhos d’água” (nascentes de água) que permanecem favorecendo a agricultura.
A agricultura de subsistência tem grande visibilidade no Sertão, praticada em pequenas propriedades instaladas nas áreas úmidas no alto das serras e chapadas, favorecidos pelos olhos d’água perenes ou pelas jusantes de açudes, onde os canais de irrigação são comuns. A agricultura praticada nas áreas serranas é rudimentar e apresenta baixo rendimento. Os principais produtos agrícolas são o milho, o feijão e o algodão. A jusante dos açudes e barragens, anteriormente feita referência, favorece o aparecimento de uma agricultura mais bem planejada, com canais de irrigação e maior assistência técnica, com lavouras de banana, milho, hortaliças, arroz e feijão.
Por apresentar clima semi-árido, o investimento na atividade pecuária apresenta boa expressão, com centro econômico localizado em Petrolina, que ainda se destaca como maior produtor de uvas e vinhos do Nordeste. Esta cidade está localizada as margens do São Francisco.

3. FORMAS DE POVOAMENTO DO SERTÃO

No Sertão, foi a pecuária o elemento essencial de povoamento e desenvolvimento. Através dos caminhos do gado surgem os currais e as feiras. Com o transporte do gado era necessária a criação de locais apropriados para a recuperação do peso, e para o descanso de animais e homens. Assim, vão surgindo os currais e as fazendas, juntamente com pequenas parcelas de culturas de subsistência.
A formação de aldeamentos surgidos a partir das missões religiosas foram também formas de fixação de novos povoados;

“É natural vermos a construção da igrejinha anteceder a criação da freguesia, assim como a criação da freguesia preceder, em muitos anos, à organização política das povoações do Vale. E esses aldeamentos eram, na sua maior parte, quase sempre, resultados dos frades missionários”, (LEITE, pág. 26).

Havia, na região, muitos atritos entre os colonizadores da Casa da Torre de Garcia D’Ávila e os missionários; estes eram freqüentemente forçados a deixar a região, junto com os índios, por isso a presença indígena na região de Belém do São Francisco já era praticamente inexistente em fins do século XVIII.
Quando não era mais possível que as lavouras agrícolas e a pecuária convivessem lado a lado devido à necessidade de amplas pastagens e o desenvolvimento dos rebanhos; esta última ganha o Sertão, uma expansão que ocorre pelas margens de rio e riachos. Então além de alimentos, o gado passa a fornecer couro, matérias-primas para consumo interno e externo.

4. BACIA DO SÃO FRANCISCO

O rio São Francisco foi descoberto em 04 de outubro de 1647 pelo capitão Garcia D’Ávila II e o padre Antonio Pereira; esse rio recebeu seu nome em homenagem ao missionário da Paz, Francisco de Assis.
Sua bacia é formada pelo rio São Francisco e seus afluentes, abrangente cerca de 7,5% do território brasileiro. O rio São Francisco é de planalto, nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais, e atravessa os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Possui grande potencial hidrelétrico, e ao longo do seu curso existem várias usinas: Três Marias (que, além de produzir energia elétrica, controla o nível das águas), Paulo Afonso, Sobradinho e Moxotó.
É navegável num longo trecho entre Pirapora (MG), Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) e no seu baixo curso, situado na planície costeira. Recebe várias denominações: rio dos currais, devido ao seu papel na criação de gado, e rio da Unidade Nacional, porque une vários estados do Brasil. Possui um regime Tropical.

5. A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

A idéia de desviar parte das águas do Rio São Francisco para irrigar o Sertão, por meio de um canal que o comunicasse com o Rio Jaguaribe, no ceará, surgiu em 1858.
De ‘rio da Integração Nacional’, o São Francisco virou ‘Pomo da Discórdia’. O motivo em um projeto [...] de retirada de parte de suas águas para tornar permanentes os rios e açudes do semi-árido nordestino, beneficiando Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará. Defendida pelo governo federal, a transposição enfrenta oposição por parte de especialistas e políticos de Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Sergipe, que temem prejuízos para seus estados.
Ao longo dos anos 1980 e 1990, a transposição voltou ao debate, mas sempre esbarrando em questões técnicas, financeiras e políticas. Em 2004 um novo projeto foi elaborado e aprovado pelo governo federal, com um custo estimado de R$ 4,5 bilhões.
A transposição prevê a construção de espaços de bombeamento, aquedutos, túneis e outras obras para alimentar dois grandes eixos que atingirão os estados beneficiados. O objetivo é retirar do rio uma vazão contínua de 26 metros cúbicos de água por segundo, aumentando esse volume de acordo com a capacidade do reservatório de Sobradinho. Ao longo dos eixos, as águas alimentariam rios e açudes, impedindo-os de secar durante a estiagem. Apesar de as obras atravessam áreas de preservação e terras indígenas, os técnicos [do governo federal] afirmam que o projeto não terá impactos sobre elas. Para os críticos contrários, o projeto beneficia mais as grandes cidades e empresas do que a população dispersa no Sertão.

6. BELÉM DO SÃO FRANCISCO – SUA ORIGEM

6.1 Fazenda Canabrava

Por volta de 1793, o casal Manoel de Carvalho Alves (português) e dona Inácia da Conceição arrendaram terras da “Casa da Torre” de Garcia D’Ávila, na região ribeirinha do São Francisco. Acredita-se que na referida região existia uma planta silvestre e brava, espécie de cana, que dominava a paisagem. Daí o nome da Fazenda CANABRAVA.

6.2 Fazenda Belém

Na antiga aldeia da Ilha Araxá, hoje Ilha da missão, segundo informações, existia uma igrejinha dedicada à Nossa Senhora de Belém. Em 1792 numa grande enchente do rio São Francisco a igrejinha desabou, ficando apenas os escombros. Reza a tradição que batismo do nome de Belém à fazenda do Sr. Antonio de Sá Araújo teria sido em homenagem a Nossa Senhora de Belém.
Nessa fazenda foi construída a primeira igreja - Nossa Senhora do Patrocínio - em 1840, o que favoreceu o seu povoamento. Assim, em 12 de outubro de 1885, pela Lei Estadual nº 553, o povoado de Belém passou a Freguesia e, 17 anos depois, à vila.



6.3 Cidade
Em 07 de maio de 1903, a vila Belém foi elevada à categoria de cidade pela Lei Estadual nº 597 com o nome de Belém de Cabrobó, permanecendo com este nome até 1943, quando passa a ser denominada Jatinã. O nome Belém foi substituído por Jatinã por força de um decreto - lei na ditadura de Getúlio Vargas, quando ficou proibido haver no Brasil duas cidades com o mesmo nome. Como já existia Belém do Pará, foi enviada uma lista tríplice a Mário Melo, na época, diretor do Instituto Histórico e Geográfico de Pernambuco, e ele escolheu o nome Jatinã por sua preferência a nomes indígenas.
Em 1953, a cidade voltou a receber o nome “Belém” acrescido da expressão “do São Francisco”, que permanece até hoje: BELÉM DO SÃO FRANCISCO.
A partir da década de 70, em homenagem à emancipação política do município, o dia 07 de maio passou a ser comemorado festivamente, constando o evento de: missa solene, disputas esportivas, desfiles estudantis, bailes, congregando assim os belemitas para os festejos de ordem política, cívica, artística e religiosa.
Assim sendo, resumimos nestes quadros as seguintes informações sobre o município de Belém do São Francisco:
· Denominações Diversas;
1793
FAZENDA CANABRAVA
1830
FAZENDA BELÉM
1885
FREGUESIA BELÉM
1902
VILA BELÉM
1903
CIDADE - BELÉM DE CABROBÓ
1928
BELÉM
1943
JATINÃ
1953
BELÉM DO SÃO FRANCISCO

· Independência Política - 07 de maio de 1903;
· Em maio de 1971, o então prefeito Gerson Alves de Carvalho Pires oficializou o Hino do município de Belém do São Francisco.
· O Brasão, a bandeira e o Hino são os símbolos oficiais do município de Belém do São Francisco.



7. PETROLINA

O frei capuchinho italiano, Henrique, realizava missões pelo caminho das águas pelas povoações ribeirinhas; também em ilhas banhadas pelo rio São Francisco, e nos trechos que hoje correspondem aos municípios de Santa Maria da Boa vista e Petrolina. Em medos do século, o mesmo frei fez o pedido da construção de uma capela ao vigário de Coripós, o que hoje é Santa Maria da Boa Vista. A construção foi dada início em 1858 na pequena povoação de Passagem, localizada na margem esquerda do Rio São Francisco; no local havia uma área coberta de rocha, que posteriormente foi utilizada na construção da Igreja Catedral de Petrolina. Na área também conhecida por “Pedra Grande”, fica a atual praça do Centenário, considerada marco zero da cidade.
Recebeu o nome de Petrolina em homenagem ao Imperador Dom Pedro II.

Periodização Histórica – de povoação à cidade

1858
POVOAÇÃO “PASSAGEM DE JUAZEIRO”
1862
FREGUESIA “PASSAGEM DE JUAZEIRO”
1870
VILA DE PETROLINA
1879
COMARCA DE PETROLINA
1893
AUTONOMIA MUNICIPAL


8. DADOS RELACIONADOS À EDUCAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO

CABROBÓ:
População: 28.851 hab. – Área da Unidade Territorial: 1.658 km².
Ensino – Matrículas, Docentes e Rede Escolar/ 2006.
Total Matrículas do Ensino Fundamental
6.623 estudantes
Matrículas na Escola Pública Estadual
2.069 estudantes
Matrículas Escola Pública Federal
0
Matrículas Escola Pública Municipal
4.114 estudantes
Matrículas na Escola Privada
440 estudantes
Total Matrículas do Ensino Médio
1.962 estudantes
Matrículas na Rede Pública Estadual
1.850 estudantes
Matrículas na Rede Privada
112 estudantes
Nº de Docentes no Ensino Fundamental
408 docentes
Nº de Docentes no Ensino Médio
93 docentes

ITACURUBA:
População: 4.097 hab. – Área da Unidade Territorial: 430 km².
Ensino – Matrículas, Docentes e Rede Escolar/ 2006.
Total Matrículas do Ensino Fundamental
1.353 estudantes
Matrículas na Escola Pública Estadual
0
Matrículas Escola Pública Federal
0
Matrículas Escola Pública Municipal
1.353 estudantes
Matrículas na Escola Privada
0
Total Matrículas do Ensino Médio
339 estudantes
Matrículas na Rede Pública Estadual
339 estudantes
Matrículas na Rede Privada
0
Nº de Docentes no Ensino Fundamental
54 docentes
Nº de Docentes no Ensino Médio
14 docentes

SALGUEIRO:
População: 53.167 hab. – Área da Unidade Territorial: 1.639 km².
Ensino – Matrículas, Docentes e Rede Escolar/ 2006.
Total Matrículas do Ensino Fundamental
11.571 estudantes
Matrículas na Escola Pública Estadual
5.934 estudantes
Matrículas Escola Pública Federal
0
Matrículas Escola Pública Municipal
4.106 estudantes
Matrículas na Escola Privada
1.531 estudantes
Total Matrículas do Ensino Médio
2.907 estudantes
Matrículas na Rede Pública Estadual
2.560 estudantes
Matrículas na Rede Privada
347 estudantes
Nº de Docentes no Ensino Fundamental
505 docentes
Nº de Docentes no Ensino Médio
138 docentes

FLORESTA:
População: 26.648 hab. – Área da Unidade Territorial: 3.644 km².
Ensino – Matrículas, Docentes e Rede Escolar/ 2006.
Total Matrículas do Ensino Fundamental
6.111 estudantes
Matrículas na Escola Pública Estadual
1.922 estudantes
Matrículas Escola Pública Federal
0
Matrículas Escola Pública Municipal
3.788 estudantes
Matrículas na Escola Privada
401 estudantes
Total Matrículas do Ensino Médio
1.901 estudantes
Matrículas na Rede Pública Estadual
1.823 estudantes
Matrículas na Rede Privada
78 estudantes
Nº de Docentes no Ensino Fundamental
347 docentes
Nº de Docentes no Ensino Médio
126 docentes


JATOBÁ:
População: 13.797 hab. – Área da Unidade Territorial: 278 km².
Ensino – Matrículas, Docentes e Rede Escolar/ 2006.
Matrículas no Ensino Fundamental
3.033 estudantes
Matrículas no Ensino Médio
1.094 estudantes
Nº de Docentes no Ens. Fundamental
150 docentes
Nº de Docentes no Ens. Médio
60 docentes

BELÉM DE SÃO FRANCISCO:
População: 20.545 hab. – Área da Unidade Territorial: 1.831 km².
Ensino – Matrículas, Docentes e Rede Escolar/ 2006.
Total Matrículas do Ensino Fundamental
4.382 estudantes
Matrículas na Escola Pública Estadual
772 estudantes
Matrículas Escola Pública Federal
0
Matrículas Escola Pública Municipal
3.365 estudantes
Matrículas na Escola Privada
245 estudantes
Total Matrículas do Ensino Médio
1.635 estudantes
Matrículas na Rede Pública Estadual
1.607 estudantes
Matrículas na Rede Privada
28 estudantes
Nº de Docentes no Ensino Fundamental
265 docentes
Nº de Docentes no Ensino Médio
74 docentes


9. BARRAGEM DE ITAPARICA
Com a construção da barragem de Itaparica (PE/BA – potencial hidrelétrico: 2.500 MW) cerca de 5.800 famílias de agricultores foram transferidas para agrovilas, em glebas na caatinga. Os projetos abaixo são de reassentamentos que a CHESF (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) foi obrigada a prover as condições necessárias à instalação de uma vida digna para estas famílias:

Santa Maria da Boa Vista
Projeto Caraíba
Orocó - PE
Projeto Brígida
Itacuruba - PE
Projeto Itacuruba
Petrolândia - PE
Projeto Apolônio Sales
Curaçá - BA
Projeto Pedra Branca
Glória - BA
Projeto Borda da Lagoa
Chorochos/Terachil
Piscigranjas
Glória - BA
Jusante
Rodelas - BA
Itacoatiara
Petrolândia - PE
Bloco 2

v Projetos como o Itacoatiara (Rodelas /BA), Jusante ( Glória BA), e BLOCO 2 (Petrolândia /PE); são os que tem apresentado maior demora na conclusão das obras de beneficiamento da região.

Até hoje representantes do Pólo Sindical dos Trabalhadores Rurais do Submédio do São Francisco lutam por melhorias na região, afetada pela construção da barragem de Itaparica e formação do seu lago. Esta construção foi uma ação promovida pela CODEVASF (Companhia de desenvolvimento do Vale do São Francisco) e iniciativas privadas.
Em reunião em setembro de 2005 com o presidente, à época, da CODEVASF, Francisco Guedes, foi reivindicada a devida assistência técnica aos projetos irrigados e a transferência de sua gestão para os reassentados. A luta dos trabalhadores do Pólo é histórica, começou em 1986 quando tiveram que se deslocar para agrovilas já que a área que ocupavam havia sido coberta com a inundação do lago de Itaparica. A partir daí, o Estado garantiu que as mesmas condições de vida que a população tinha antes seriam mantidas. E para tanto, na data de 06 de dezembro de 1986 foi garantido aos reassentados, a formação de um reassentamento irrigado para as cerca de 6.000 famílias de trabalhadores e trabalhadoras da Bahia e de Pernambuco, que estavam passando por todo este processo.
Foi o primeiro projeto financiado pelo Banco Mundial, em todo o mundo, que gerou ao invés de indenizações em dinheiro o reassentamento para as famílias. Infelizmente 20 anos após, esses projetos ainda se arrastam.
Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi criado o GERPI (Grupo Executivo para Conclusão do Projeto Itaparica) que instituiu o programa de compensação financeira. Na época o Pólo Sindical utilizou-se de estratégias para que trabalhadores e trabalhadoras não aderissem à proposta, mas um número acima de mil reassentados e reassentadas fez adesão. O que é indicado como um fator de miséria, desemprego e aumento da miséria na região, segundo o Pólo sindical, pois deste dinheiro pouco pode ser feito.
Porém segundo reportagem de 2006, o término para as obras estava previsto para abril/2007, entretanto até aquele momento apenas o que havia sido concluído era a abertura das licitações para compra do material elétrico e de irrigação (Boletim PTRD KOINONIA, 2006)[1].
Após pesquisas feitas em dois assentamentos (Brejinho de Fora – próximo a Petrolândia,PE, e Fazenda Canafístula – próxima a cidade Delmiro Gouveia, AL), pesquisadoras da FUNDAJ, concluíram que a renda família, no primeiro reassentamento, ficava em torno de dois salários mínimos na época. Sendo que aproximadamente metade da renda nos assentamentos provinha de aposentadorias e pensões. A produção agrícola era basicamente voltada ao consumo familiar; eram plantados basicamente milho, mandioca e feijão, mais algumas fruteiras como banana, melancia, coco. As vendas de verduras ou frutas nas feiras são feitas eventualmente. O criatório de animais também dá-se de forma bem resumida, numa média de menos de meia dúzia de animais por família.
A maioria dos serviços, saúde, educação, abastecimento da casa em utensílios e alimentos complementares são feitos na cidade de Petrolândia, no caso de Brejinho de Fora. A facilidade encontrada quanto a transporte na comunidade de Brejinho, não há em Fazenda Canafístula, as vezes é preciso ir a cidade mais próxima, de moto ou a cavalo, ou fretar, na localidade mais aproximada, um carro, esta é a medida mais apropriada se for o caso de haver um doente, ou alguém que um deseje ou não possa se aventurar em caminhadas, ou nos outros meios citados. A situação do ensino nesta comunidade também é precária; a escola construída durante o processo de reassentamento, como parte do compromisso da CHESF, atende apenas crianças do 1º grau menor, conta com 3 professoras, à época, e recebiam 1 salário mínimo. O abastecimento de água nas duas comunidades é ponto de crítica dos moradores devido a distribuição, as quebras freqüentes nas bombas, e o tratamento da água. “Segundo afirmam, há uma enorme diferença entre a qualidade da água que abastecia antes as moradias e a que, hoje, lhes é oferecida. Lá, elas possuíam “fontes” de abundantes e saudável”. (RAT, pág. 22).

10. CESVASF: CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO SÃO FRANCISCO – BREVE HISTÓRICO

No ano 1971, o Sr. Alípio Lustosa de Carvalho juntou-se a alguns professores e autoridades de Belém do São Francisco para articularem a possibilidade de se fundar uma faculdade. Foi colocado à disposição o prédio da antiga Escola Normal N. Sra. do Patrocínio, em horário noturno, para funcionamento da instituição idealizada. Em novembro de 1975, através da Lei nº 04/75, publicada no D.O. de 13 de novembro de 1975, foi instituída a Autarquia Municipal Faculdade de Formação de Professores de Belém do São do São Francisco (FAFORBE).
Os cursos da FAFORBE foram reconhecidos em 04 de setembro de 1984, através de Portaria Ministerial nº 377, publicada no Diário oficial da União, em 13 de setembro de 1984. No mesmo ano, em dezembro a Autarquia passou a ser denominada de Autarquia Belemita de Cultura, Desportos e Educação - ABCDE, e a FAFORBE passou a ser denominada pelo nome que conhecemos até hoje, Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco - CESVASF. A plenificação de seus cursos se deu no ano seguinte, através da portaria ministerial 222, de 20 de março de 1985; e o que era o curso de Ciências Sociais foi desmembrado em História e Geografia; porém o reconhecimento destes só foi obtido em 1991. Em fevereiro de 1994, foi autorizado mais um curso, desta vez o de Ciências, com Habilitação em Matemática, reconhecido em 10 de maio de 2001.
Desde 2000, o CESVASF começou a oferecer cursos de Pós-Graduação "Latu Senso" nas áreas de História, Letras e Geografia, todos autorizados pelo Conselho Estadual de Pernambuco. Em 2003, os cursos de pós-graduação foram ampliados, coma criação dos cursos de Geografia do Turismo, História Contemporânea, Técnicas Educacionais, Educação Matemática e Educação Ambiental.
Em 2007 foram instituídos mais dois cursos de graduação, Biologia e Física e, na pós-graduação, as especializações em Ensino de Língua Inglesa e em História e Cultura Afro-brasileira e Indígena. Hoje o CESVASF com 32 anos, vem assim, alargando seu campo de atuação e desenvolvendo um trabalho reconhecido pelos órgãos educacionais e pela comunidade da região, a qual é também diretamente beneficiada pelas atividades de extensão desenvolvidas por esta Instituição de Ensino Superior.


11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

· Boletim do Programa Trabalhadores Rurais e Direitos KOINONIA – Ano I – nº 0 / 2006.
· Especial Rio São Francisco (continuação 4) 26/10/2004. http://www.ana.gov.br/
· LEITE, Marlindo Pires. Belém: uma cidade no Vale do São Francisco / Marlindo Pires Leite, Maria Estelita Lustosa Roriz. Maria Auxiliadora Lustosa Coelho; prefácio de Edson Lustosa Cantarelli. – Recife: CEPE, 1993.
· LIMA, Ana Elisa V.; GALINDO, Magda Caldas. Projeto Itaparica: avaliação do reassentamento rural (4º Relatório de Acompanhamento Trimestral – RAT). FUNDAJ, 1995.
· SILVA, Severino Vicente da. Mergulhados na saudade das cidades mergulhadas nas águas do Lago de Itaparica. IN: www.ufpe.br/historia/artigo4rev1




[1] Associação sem fins lucrativos, formada por pessoas de igrejas cristãs e de outras expressões de fé, além de líderes do movimento social. Tem como princípio fundamental o compromisso com o ecumenismo e a democracia tendo em vista a luta em favor da cidadania, contra toda forma de exclusão humana.

Rap e Repente

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CURSO DE TURISMO
HISTÓRIA DA CULTURA
PROF. SEVERINO VICENTE DA SILVA

RAP E REPENTE

EQUIPE:

DANIELLE RODRIGUES MENDES FERREIRA
INÊS HEBRARD
MARIANA MELO DO NASCIMENTO
RENATA MAGALHÃES DE LIRA


SUMÁRIO


INTRODUÇÃO.................... .................... .................... .................... .................... ............p. 2

I. CONCEITOS-CHAVE.................... .................... .................... .................... ..... ....p. 3
a. Tradição e renovação
b. Improviso na fala, nas artes, na música

II. REPENTE .................... .................... .................... .................... .................... ..........p. 6
a. Definição de Repente
b. História
c. Métrica
d. Subdivisão do gênero: embolada, aboio e cantoria de viola
e. Principais repentistas
f. O Repente na atualidade

III. RAP.................... .................... .................... .................... .................... ............. .......p. 10
a. A cultura hip-hop
b. O Rap: definição e evolução
c. O Rap brasileiro

IV. RAP-REP.................... .................... .................... .................... .................... .............p. 13
a. Personagens
b. Eventos
c. Depoimentos e considerações finais

CONCLUSÃO .................... .................... .................... .................... .................... ........................ .p 16
BIBLIOGRAFIA.................... .................... .................... .................... .................... ........................p. 17


INTRODUÇÃO

"Nada se perde, nada se cria, tudo se tranforma", disse Lavoisier. Essa lúcida constatação adapta-se particularmente bem ao tema de nosso trabalho. Rap e repente são gêneros musicais que apareceram em épocas, lugares e ambientes completamente distintos, porém têm certos pontos em comum que explicam o seu recente encontro. Nos últimos meses, poetas repentistas e rappers tem começado a cruzar suas artes, num movimento que recebe o rítmico nome de rap-rep.
Vamos mergulhar na história e na evolução destes dois gêneros musicais, que ainda não foram consagrados nem nas pesquisas nem nos manuais. Seu encontro exemplifica uma das problemáticas inerentes à História da Cultura: a tradição lida com a modernidade, o contemporáneo se inspira no passado... A particular trajetória do repente e do rap, elementos que fazem parte da cultura musical brasileira, servem de ilustração ao conceito dinâmico de "Cultura".
Depois de fazer esclarecimentos necessários à comprensão do tema, passaremos a apresentar separadamente cada um dos gêneros, o repente e o rap. Finalmente, falaremos da sua mistura.

I. CONCEITOS-CHAVE

a. Tradição e Renovação

O conflito entre tradição e renovação na cultura é um tema recorrente, no qual a teoria é mais fácil de impor do que a prática. A cultura é dinâmica e é importante preservar a tradição, contudo a renovação é essencial para se manter viva uma tradição, o problema é a dosagem. Quando as culturas alcançam a união entre tradição e renovação elas se fortalecem, mantendo os alicerces sobre os quais se erguem e acrescentando soluções criativas para os desafios da contemporaneidade e da globalização.
Encontros entre grupos de repentistas e rappers acontecem sem muita divulgação, por todo país, resultando numa surpreendente miscigenação cultural entre elementos aparentemente incomunicáveis: a cantoria de viola e o hip-hop. As resistências e dificuldades vão sendo quebradas e surgem interações que ainda é cedo para saber em que vão dar. A mistura entre o rap e o repente tem um lado mercadológico e um lado cultural. Em termos de mercado, não se compara à gigantesca máquina que existe por trás do hip-hop.
O rap da mesma forma que o repente é um estilo de cantar versos improvisados. Existem diferenças na sua base rítmica, do modo como rimam e como se organizam em estrofes. Entretanto, tudo que é improviso é repente, e as formas de improviso nordestina têm pontos de contato com improvisos da cultura hip-hop. O hip-hop e o repente têm raízes parecidas e na maioria das vezes têm a intenção de retratar a realidade em que estão inseridos. Rap significa ritmo e poesia e isso equivale ao que os emboladores fazem.
Atualmente os poetas (repentistas) estão sendo inseridos em um cenário urbano, em grandes festivais e congressos ou em meios como rádio e televisão. Além de cultuarem o universo mítico em que se originaram suas artes incorporam temas da atualidade em seus desafios, do mesmo modo que os folhetos de cordel sempre fizeram. Os rappers começaram a procurar os poetas na maioria das vezes em uma atitude reverencial, na qualidade de mestres da poesia. Essas notáveis iniciativas receberam as atenções do poder público que passou a incentivar o “diálogo entre as culturas”.
O repente nordestino e o hip-hop descendem da poesia oral africana. Esta descendência pode ser notada através de características como: a propensão lúdica ao jogo de palavras puro e simples; a vocação agonística, competitiva, dos grandes desafios; o sentido profundo de que dois poetas são porta-vozes de suas comunidades; e até mesmo recursos específicos como trava-língua, a enumeração, as perguntas e respostas.
A aproximação que existe entre o rap e o repente gera convivência entre manifestações artísticas de mesma origem e espírito semelhante, contudo são separadas pelo gigantismo financeiro que uma veio a atingir e pela desvalorização que sofre a outra, existente há 150 anos no Nordeste, e que sempre foi vista com desdém pela maioria dos nordestinos ricos e letrados.

b. Improviso na Fala, nas Artes, na Música

"Todos nós improvisamos o dia inteiro, - só que em prosa. Nenhum de nós prepara e decora o que vai dizer no dia-a-dia, e quando tenta fazê-lo (declaração de amor...entrevista de emprego...depoimento à polícia...) geralmente dá com os burros n'água. Somos todos improvisadores – mas em prosa", diz Braulio Tavares. Mas certas pessoas falam com mais fluidez que outras, ou seja, certas pessoas têm uma maior capacidade para improvisar. O professor de oratória de executivos, artistas e políticos Reinaldo Polito é mestre em ciências da comunicação, e autor de 17 livros sobre o assunto. Segundo ele, "a capacidade de improvisar é uma das qualidades dos bons oradores". E acrecenta que “improvisar não significa falar sobre o que não se conhece, e sim organizar os pensamentos e transformá-los em palavras diante de situações não esperadas.”
Segundo Nuno Matos Duarte, quando se trata de definir o improviso no relacionamento que este tem com a arte, os dicionários usam expressões tais como “é o discurso, poesia ou trecho musical proferido, feito ou executado sem preparação”. Mas essa falta de preparação é relativa. Com efeito, como diz Eugênio Mussak, "Só improvisa quem conhece o assunto sobre o qual deve improvisar". Desta forma, nas artes o improviso pode desenvolver-se com certa preparação, não deixando de ser improvisação por esse motivo. Esta teoria pode ser verificada através de vários exemplos.
Assim, já nas origens do teatro, na famosa Comédia dell'Arte, ou Comédia dell'Improviso, os atores deviam ter uma grande capacidade de improvisação, sendo que não existiam os "scripts". Na época era comum que um ator representasse a mesma personagem durante muitos anos seguidos, aumentando assim a sua capacidade de improvisação na pele desse personagem. Não podemos dizer que o ator saía em cena "sem preparação", já que sua atuação era o resultado de uma experiência, de um trabalho prévio. Mas ele, certamente improvisava.
O mesmo acontece na música. A improvisação é usada em vários gêneros musicais, nacionais e internacionais, eruditos e populares. Na Europa ocidental, já na Idade Média, juglares eram capazes de improvisar poemas e cantorias. No Nordeste brasileiro, no maracatú rural, existia antigamente a "sambada de pé na parede". Na Bahia, nas rodas de capoeira, ao som dos pandeiros e berimbaus, o coro às vezes improvisa cantorias. De forma geral, o gênero de música mais comunmente associado à improvisação é o jazz, mais particularmente o "be-bop". Mas os improvisadores desta música possuim o que Nuno Matos Duarte chama de "uma espécie de léxico musical que, no fundo, não é mais do que uma extensa coleção de clichés, “vocábulos”, com o poder de tornar o discurso musical coerente, embora este, sendo improvisado, se vá tornando obra à medida que o músico o vai inventando em tempo real".
E essa constatação, na verdade, é válida para todo tipo de improvisação: "Só improvisa quem conhece o assunto sobre o qual deve improvisar. Chefes de cozinha improvisam nas panelas, músicos improvisam com os instrumentos, professores improvisam na sala de aula, médicos improvisam no hospital de campanha, poetas improvisam ao ouvido de suas musas" (Eugênio Mussak). Assim, como aqueles jazzman possuem um "léxico musical", rappers e repentistas possuem um repertório bem completo de palavras, versos e rimas que permitem inúmeras combinações, de forma que eles podem inovar – e, portanto, improvisar - constantemente. Eles são especialistas das palavras, por isso podem improvisar com elas. Com razão o rapper fancês MC Solaar fez famosa a sua declaração "meu livro de cabeceira é o dicionário".

II. O REPENTE

a. Definição

O repente pode ser chamado de improviso, é a arte do instante, a arte de criar no momento da execução da obra, pois se considera o momento do improviso como o ponto mais alto alcançado pela arte do cantador nordestino. É nesse momento, com o verso feito na hora, metrificado, bem rimado, no calor do momento e diante da platéia, que se observa a maestria desse artista do povo, que é o repentista. Esse ritmo, que também pode ser chamado de desafio, é uma forma de criação artística ainda não consignada nos manuais. Tem presença marcante no Nordeste brasileiro, é mescla entre poesia e música na qual predomina o improviso – a criação de versos “de repente”. É uma arte transversal, que pode ocorrer em diferentes atividades. Define-se o repente genuíno, como aquele que é criado no calor do momento, sem que seja possível voltar atrás e consertar os detalhes, os pequenos defeitos, já que criação e exibição foram simultâneas para o público.
A palavra repente pode ser usada com dois significados principais, segundo uma discussão dos próprios poetas. Primeiro, querendo dizer improviso, coisa feita na hora, é o verso resultante da imaginação do próprio cantador. Por outro lado, a expressão O Repente também tem um significado mais amplo, sendo sinônimo de Cantoria de Viola, referindo-se a arte dos cantadores, juntamente com: os modelos poéticos, o jeito de cantar, os valores estéticos, os rituais.

b. História

O Repente é uma tradição folclórica brasileira, tendo sua origem relacionada com os trovadores medievais. No caso do Brasil, a tradição ibérica dos trovadores deu origem aos cantadores, os chamados poetas populares, que vão de região em região, com a viola nas costas, para cantar os seus versos. Estes versos aparecendo na forma de trova gaúcha, do calango (Minas Gerais), do cururu (São Paulo), do samba de roda (Rio de Janeiro) e do repente nordestino. Diferente dos outros, o repente nordestino se caracteriza pelo improviso, em um desafio com outro cantador. Não se leva em consideração a beleza da voz ou a afinação, o que vale é o ritmo e a agilidade mental, fazendo com que o oponente fique encurralado apenas através da força do discurso.
O repente se insere na tradição literária nordestina do cordel, de histórias cantadas em abundantes versos, publicadas em pequenos folhetos, que são vendidos nas feiras por seus próprios autores. Ele foi para o Sudeste em meados do século XX, junto com a migração de nordestinos para as grandes capitais: chegou a São Paulo por volta de 1946 com o alagoano Guriatã de Coqueiro (Augusto Pereira da Silva) e, no Rio de Janeiro, instalou-se na Feira de São Cristovão.

c. Métrica

O repente possui diversos modelos de métrica e rima, tendo ainda uma variação na organização dos seus versos. O seu cantar normalmente é acompanhado de um instrumento musical, podendo ser o dedilhar de uma viola de sete ou dez cordas. Nas cantorias é preciso seguir as métricas delimitadas para modalidade. A rima deve ser feita de acordo com a estrutura das palavras e não pelo som. Existe ainda um rigor com as métricas da rima improvisada.

Estrutura de alguns estilos:
· Sextilha: Seis versos de sete sílabas cada.
· Brasil Caboclo: Estrofe da décima, com refrão nas 2 linhas finais: "Neste Brasil de caboclo, de Mãe Preta e Pai João", e melodia própria.
· Quadrão mineiro: Oito versos de sete sílabas, com o refrão "Cantando quadrão mineiro" na última linha, e melodia própria.
· Martelo agalopado: 10 versos, com 10 sílabas cada. Os versos são acentuados nas sílabas três, seis e dez.
· Martelo alagoano
· Martelo miudinho
· Galope beira-mar
· Gabinete
· Quadrão de meia-quadra
· Toada alagoana
· Gemedeira
· Mourão de sete linhas
· Décima
· Dez pés a quadrão
· Mourão Voltado
· Dez de queixo caído
· Oito pés a quadrão
· Mourão você-cai

d. Subdivisões Do Gênero

Os improvisos cantados variam em função da parte instrumental. A partir disso acontece uma subdivisão desse gênero em embolada, aboio e cantoria de viola, que se baseia no fato de que os repentistas, de um modo geral, são poetas que fazem versos improvisados.
Ø EMBOLADA: pode ser chamada de coco ou coco de embolada. Arte surgida no Nordeste, diferenciada pelo uso de pandeiro ou ganzá, tem um estilo mais livre, mais solto. É feita com uma dupla de cantadores que usam versos rápidos e improvisados onde um tenta diminuir, desfazer, a imagem do outro, com versos ofensivos, famosos pelos palavrões e insultos utilizados. O cantador ofendido deve improvisar uma resposta rápida e ao mesmo tempo bem bolada, caso não consiga, o outro é coroado triunfante.

Ø ABOIO: é um canto utilizando apenas a voz. Foi se modificando e hoje é cantado em dupla, no norte de Minas Gerais e em versos no estado de Pernambuco.

Ø CANTORIA DE VIOLA: é uma atividade musical que se baseia em uma improvisação de versos por dois cantadores que se alternam, respeitando normas poéticas. A cantoria é uma arte que se iniciou no meio rural, especialmente no sertão, e aos poucos conquista o público das grandes e pequenas cidades. Apesar do pouco reconhecimento que a cantoria tem, ela continua até hoje encantando através dos violeiros.

e. Principais Repentistas

O Repente tradicional, composto pelos violeiros-cantadores em duelo, se manteve graças a alguns nomes importantes como: Oliveira das Panelas (vencedor do 1º Campeonato Brasileiro de Poetas Repentistas, realizado em 1997), Mocinha da Passira, Valdir Teles, Lourinaldo Vitorino, Sebastião da Silva, Azulão, Miguel Bezerra, Otacílio Batista, Ivanildo Vila Nova, Zé Cândido, Ismael Pereira e Natan Soares. Ivanildo Vila Nova venceu inumeráveis concursos de Repente, têm dezenas de CDs gravados, participou de muitas excursões tanto no exterior, como no Brasil, é considerado um divisor de águas na cantoria. Além deles merece destaque, a dupla de emboladores mais célebre do Brasil, Caju e Castanha. Viraram estrelas de cinema pelas telas de Walter Sales. Cantando no Mercado São José e também em outros pontos do Recife foi como eles começaram a ganhar a vida. Além de suas rimas próprias eles produziam os seus próprios pandeiros. A dupla já fez shows na França, em Londres e até mesmo no Rock in Rio. Em 2001, o Caju faleceu, e no seu lugar ficou Cajuzinho. Sendo assim, atualmente Castanha divide os desafios com o sobrinho Cajuzinho.

f. O Repente na Atualidade

O cantador moderno acompanha as mudanças que acontecem no perfil social da população nordestina. Atualmente o cantador, continua fazendo shows aonde ele é chamado, mas já acrescenta a sua atividade elementos da modernidade como, como celular, automóvel e avião. Os estilos próprios da cantoria se mantêm, mas os temas utilizados é que se modificam, já que a arte do cantador consiste em se apodera do presente, sem abrir mão do passado. Não se substitui a tradição, mas se acrescenta a ela novas técnicas, novos temas e novas motivações.

III. O RAP

a. A Cultura Hip Hop

O Hip-hop é geralmente definido como um movimento cultural urbano que surgiu a partir dos anos 60, entre a Jamaica e os Estados-Unidos. A "cultura hip-hop" se compõe, básicamente, de quatro tipos de manifestação artística: o canto, a instrumentação, a dança e a pintura (cf. tabela aqui embaixo).

MANIFESTAÇÃO

Instrumentação
NOME -Disc-Jockey
PESSOA - Disc Jockey e/ou MC (Mestre de Cerimônias)
DEFINIÇÃO - Música feita a partir do uso de dois discos de vinil, dos quais se usa :
- a parte instrumental da música, chamada de "Break", com a qual se podem fazer "Scratchs" (atrito da agulha do toca-discos no disco de vinil).
- Os "Samples", pedaços instrumentais ou vocais de outras músicas reutilizados para criar outra peça.
Dança
Break-Dance
Breaker
Movimentos rápidos e malabarismos corporais, com formas e equilibrismos herdados das artes marciais.
Pintura
Graffiti
Tagger
Pintura realizada em muros, geralmente em espaços públicos. É uma forma de "marcar o territorio", usada por gangs ou rappers.
Canto
Rap
Rapper
Ver embaixo.


O Rap: definição e evolução

Rap (sigla inglesa para "Rythm and Poetry", Ritmo e Poesia) é o que podemos chamar de "expressão musico-verbal" da cultura hip-hop. O rap tem uma batida rápida e acelerada e a letra vem em forma de discurso, com muita informação e pouca melodia. Segundo o texto de suapesquisa.com, "quando o rap possui uma melodia, ganha o nome de hip-hop"...
Não existem estudos empíricos sobre a origem deste tipo de música, mas as pesquisas apontam que sua origem estaria na década de 60 na Jamaica.
Nos anos 70 houve um forte movimento de imigração de jamaicanos para os Estados-Unidos, e começa a ser conecido em Nova Iorque um DJ jamaicano, Kool Herc. A ele se atribui a combinação do Sound-Stystem e o canto falado, assim como da técnica do "scratch". Certas historiografias insistem em remontar as origens do rap até as músicas negro-americanas como o Funk e o Jazz, se bem parece mais exato falar de "influência" ou "uso" do funk pro surgimento do Rap. Com efeito, as primeiras gravações identificadas como Rap consistiam na declamação de um texto sob o ritmo das batidas de tambores africanos, sendo a negritude o tema principal.

Gangsta Rap
O Gangsta Rap (Rap Gângster) surgiu nos Estados Unidos no meio dos anos 80. Com letras duras e brutais o gangsta rap logo ganhou espaço na mídia mundial, e foi desde o começo alvo de muitas críticas. Entre os maiores gangsta rappers destacam-se Tupac, Eazy-e, Compton Most Wanted ,entre outros, que em suas rimas falavam das desigualdades e do racismo além do ódio que sentiam uns pelos outros e pela sociedade que os rejeitava. Este tipo de Rap apresenta, basicamente, letras baseadas no estilo de vida dos membros de gangues.

Free-style Rap
É o modo de cantar o rap de forma improvisada, colocando versos feitos na hora, no que se chama uma "batalha ou "desafio" de rappers. Os versos são, assim, baseados nos versos dos seus adversários. No Brasil existem cada vez mais rimadores que vem alcançando sucesso, como por exemplo Marechal, Max B.O., Kamal e Slimrimografia.
A princípio as batalhas de freestyle no Brasil tinham pouca força, mas passaram a ganhar mais espaço depois de serem organizadas por Mc's do Rio de Janeiro como Dom Ngrone, Marechal, Aori, entre outros.

c. O Rap Brasileiro

Segundo o rapper Master Tee, o nascimento do Rap brasileiro aconteceu em São Paulo nos anos 80 (quase simultaneamente com os Estados-Unidos). Lá, um grupo de jovens começou a dançar breack, e logo depois alguns deles tornaram-se rappers, isto é começaram a criar e declamar versos ao som da batida.
A primeira música de RAP a surgir no Brasil foi "Kátia Flávia", em 1987, de autoria de Fausto Fawcett e Laufer, gravada com os Robôs Efêmeros.
O registro inicial do rap brasileiro é a coletânea Hip Hop Cultura de Rua (1988, Eldorado). Ela trouxe faixas dos grupos Thaíde e DJ Hum (produzidas por Nasi e André Jung, do grupo de rock Ira!), MC Jack, Código 13, entre outros. No começo dos anos 90, Thaíde e DJ Hum e os Racionais eram reconhecidos como os mais sérios e importantes nomes do rap paulistano, sempre envolvidos com campanhas de conscientização da juventude e movimentos de divulgação, unificação e promoção do hip-hop no Brasil.
Naquela mesma época, surgiu no Rio de Janeiro uma nova figura no rap: o adolescente branco de classe média alta Gabriel Contino, vulgo Gabriel o Pensador, que estourou no final de 1992 nas rádios com a música Tô Feliz, Matei o Presidente, direcionada para Fernando Collor, que tinha acabado de renunciar, acusado por corrupção. Ele pode ser considerado o Eminem brasileiro, já que conseguiu inserir-se no mundo do rap, antes dominado exclusivamente pela população negra.
Quase desde seu início, o rap começou ser utilizado e misturado por outros gêneros musicais. O movimento manguebeat, por exemplo, presente na música de Chico Science & Nação Zumbi fez muito bem esta mistura. Em Recife, o Faces do Subúrbio apostava, por sua vez, na embolada-rap.

IV. RAP-REP

a. Personagens

No início da década de 90, surgiu no Alto Zé do Pinho a banda Faces do Subúrbio, formada por jovens da periferia, fortemente influenciada pelo movimento hip-hop americano. O líder do grupo Zé Brown, juntamente com os outros integrantes, incluiu em suas letras a temática da realidade ao seu redor assim como os outros rappers por toda a América Latina. Através do contato com a realidade local construíram uma ligação entre ritmos brasileiros como o repente, literatura de cordel, a embolada e as batidas do hip-hop. Conhecido como rapper de respeito, Zé Brown, percebeu algumas afinidades entre o rap e o repente, através de certas características que os dois ritmos têm em comum, principalmente versos livres, rimas repetidas e batidas rítmicas, desde então ele passou a compor letras de rap com batidas de embolada. Simultaneamente no eixo Rio-São Paulo, com a forte presença de nordestinos em comunidades pobres, houve uma influência dos emboladores no rap local.
Um dos destaques do rap paulistano, Thaíde, participou em 1994 de um vídeo com Raio de Luz, poeta repentista e embolador que se apresentava nas ruas do centro de São Paulo. Em 2000, o rapper teve um encontro no interior do Ceará com o lendário Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, o maior nome da poesia de cordel. Este encontro foi promovido pelo jornalista e escritor Bruno Zeni na Serra de Santana, junto à pequena Assaré, Ceará. O poeta e o rapper declamaram versos e conversaram entre outros temas sobre meninos de rua, Deus, Luiz Gonzaga e Lampião. O encontro foi gerador de razoável repercussão na mídia. Para Thaíde, “a juventude precisava de uma maneira mais direta para transmitir sua mensagem. O repente sempre teve o dom da palavra, e se juntou ao hip-hop de uma maneira muito natural.” Ele faz uma homenagem à Patativa, dizendo que é preciso “conhecer pra respeitar”. Também fala que: “o Brasil tem uma música muito rica em termos de matemática literária, em termos de produção musical, em termos históricos”.
Rappin Hood, outro rapper paulistano, gravou um disco com a famosa dupla Caju e Castanha, assim como fizera Zé Brown, que também teve a oportunidade de gravar com os emboladores e desde então mergulhou numa pesquisa no universo do coco de embolada que o fez conhecer vários mestres anônimos.

b. Eventos

Em 2005, na programação do Ano do Brasil na França, no Carreau du Temple e, depois, na Torre Eiffel, o mais consagrado dos cantadores nordestinos, Ivanildo Vila Nova, se apresentou com o Faces do Subúrbio. Ao que consta, com sucesso de público. A experiência foi repetida no Rio, desta vez entre Ivanildo e os rappers BNegão, Bernardo e Gabriel o Pensador.
Em outubro passado, entre os dias 26 e 28, na cidade de Campina Grande, na Paraíba, foi realizado o I Encontro Nacional de Rappers e Repentistas no Spazzio, com entrada franca. O evento contou com a participação de artistas e profissionais de todos os cantos do país e apresentou um versátil leque rico de opções, como shows musicais, apresentações teatrais, mostra de dança, cinema e vídeo e exposições de xilogravura e cordel. Além de oficinas e seminários, que pretendiam abordar e discutir a diversidade da cultura brasileira. O evento foi promovido pelo Ministério da Cultura, em parceria com o Governo da Paraíba, por meio da Subsecretaria de Cultura do Estado e com o apoio cultural da Petrobrás, por sugestão do próprio ministro da Cultura, Gilberto Gil. Estavam presentes nomes importantes como: Zé Brown, Gabriel o pensador, Caju e Castanha, “As Ceguinhas” de Campina e Nelso Triunfo. A idéia do I Rap & Rep foi mostrar que gêneros aparentemente tão distintos têm muito mais em comum do que se pensa. Assim a rima e a poesia, a dança de rua, a discotecagem e o graffiti coexistiram com a embolada, o cordel e o próprio repente.

c. Depoimentos e Considerações finais

Essa combinação de ritmos foi registrada pelo documentário “Poetas do Repente” produzido pela Fundação Joaquim Nabuco. O documentário é composto por quatro programas dentre eles, um que é intitulado Recriando o Repente, trata da interação entre essas diversas formas de expressão poética e mescla cenas de shows, conjuntos e depoimentos de rappers, poetas populares, produtores, jornalistas e teóricos. Pelos depoimentos, percebe-se a riqueza da situação e suas dificuldades. Afinal, não se faz por decreto a união de formas poéticas diversas no tempo, no espaço, nas classes sociais, nos objetivos e no posicionamento mercadológico. Recriando o Repente relaciona as modernas formas urbanas de improviso, como o rap, e procura ver suas possíveis ligações com a poesia popular nordestina.
O poeta (erudito e popular) paraibano Astier Basílio resume: “A cantoria vive dessa contradição de ser rígida e ao mesmo tempo possibilitar várias renovações. É um código que tem pilastras que não se alteram, mas ao mesmo tempo essas pilastras se renovam de forma diferente. Não é possível pensar a contemporaneidade como algo adversativo à tradição. (...) A possibilidade de diálogo teria de crescer muito mais. É muito mais possível ao rapper brincar com elementos formais da cantoria, introduzindo no seu desempenho, do que o cantador jogar a viola do lado, pegar um microfone e colocar uma base. Por que ele não pode fazer isso? Porque o código em que ele se insere não permite esse tipo de procedimento. Quando se estabelece essa relação de diálogo, ela é muito mais possível pela liberdade que o rapper faz com outras coisas - com o samba, com outros elementos musicais, pode fazer com a cantoria. (...) Essa renovação segue uma exigência do mercado. Não pode dissociar. Não é só uma fruição estética...A cantoria tem exigência de mercado, de aperfeiçoamento, de adaptação”. Ele também considera que a cantoria evolui pela necessidade de adeqüar-se a novos públicos e a novas condições técnicas, não é apenas por opção estética.
Ivanildo Vila Nova comenta a experiência da mistura do rap com o repente, afirmando que para que os dois grupos se entendam, um deles não precisa cantar igual ao outro: “Nem o pessoal do hip-hop pode cantar no tom do cantador, nem nós podemos cantar dançando e balançando, porque assim ia descaracterizar a cantoria”.
Bruno Zeni arremata: “O repente é um avô do hip-hop. O hip-hop tem muito a aprender com o repente. Acho que o repente pode aprender um pouco com o hip-hop também”.
Assim, nessa dialética entre tradição e renovação, a cantoria de viola, do alto dos seus quase 150 anos de prática, encara agora o diálogo com os jovens do hip-hop brasileiro, nascido em meados dos anos 80.


CONCLUSÃO


Uma frase popular diz que “Você não pode depender do improviso para viver, mas se não souber improvisar, estará perdido”. Poderiamos dizer que os repentistas fizeram dessa frase a regra de base de seu trabalho. O mesmo aconteceu com o genêro musical relativamente recente, o rap. Finalmente, a fusão de rap e repente aconteceu em boa hora. Talvez seja o golpe de ar fresco que ambos precisavam: o repente, pelo desgaste natural que sofrem as manifestações culturais que gostamos de chamar de "tradicionais", o rap pela constante demanda de inovação.
"A criação improvisada, por ser “performativa”, parece aceitar erro e defeito, bem como o seu fim cronológico, fundando mesmo a sua estética no efémero, isto é, estabelece-se como processo criativo que respeita a sequência “nascimento – vida – morte”, diz Nuno Matos Duarte em seu artigo. Certamente, rap e repente aceitam essa idéia de efêmero para as suas criações, mas não para elas mesmas como artes. Com todas as aspas necessárias para o uso destas noções, podemos dizer que o encontro do rap e o repente é uma "renovação" da cultura popular "tradicional". Com o rap-rep, presente e passado mostram-se juntos, desafiam-se e ao mesmo tempo misturam-se, transformando-se num exemplo perfeito do conceito dinâmico de "cultura".

BIBLIOGRAFIA – WEBOGRAFIA


MASTER TEE, "Freestyle rap", http://www.planetablack.com/arquivoshtm/materias/freestyle.html
"O Rap", http://www.suapesquisa.com/rap/
"Rap Brasileiro", http://www.mundosites.net/musica/rap.htm
MATOS DUARTE, Nuno, "Artes e improviso", http://nuno-matos-duarte-textos.blogspot.com/2007/03/arte-e-improvisao-uma-questo-de.html
MUSSAK, Eugênio, "O improviso", em http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/048/pensando_bem/conteudo_236906.shtml?pagina=1
TAVARES, Braulio, "O verso que cai do céu", Continente, fevereiro de 2008, n° 86
ZENI, Bruno, Encontro de Patativa do Assaré com Thaíde, em http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/revistaNossaAmerica/20/esp/musica-es.htm
Poetas do repente, Ed. Massangana, Recife, Fundação Joaquim Nabuco, 2008 (Livro e DVD)
"Cantoria de viola", Tesauro de Folclore e cultura popular brasileira http://www.cnfcp.com.br/tesauro/00002148.htm
Site “Aboio” http://www.teia.art.br/sites/aboio/
"Embolada", http://pt.wikipedia.org/wiki/Embolada
Site do evento Rap-rep, http://www.raprep.com.br/programacao.php