quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Bairro de São José

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO - CAC
CURSO DE BACHARELADO EM TURISMO


Bairro de São José
História, Características e Aspectos Turísticos

Trabalho realizado pelas seguintes alunas do Curso de Turismo 2009.1 da Universidade Federal de Pernambuco:

Camila Brito Lima
Isabela Micheli Farias
Isabella Miranda Marques Soares
Roberta Carla Cunha Lopes
Thairine Araújo de Freitas

do curso de Turismo como requisito para obter nota na disciplina História da Cultura ministrada pelo Professor Severino Vicente da Silva.




Recife, 2009


SUMÁRIO


1. História do Bairro de São José

2. Pontos Turísticos

3.1. Igrejas
• Pátio de São Pedro dos Clérigos
• Igreja de Nossa Senhora do Terço
• Basílica de Nossa Senhora da Penha
• Igreja de Nossa Senhora do Carmo
• Igreja de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos
• Igreja de São José

3.2. Museus, Memoriais e Centros Culturais
• Museu de Arte Popular
• Museu do Trem
• Forte das cinco Pontas (Museu da Cidade do Recife)
• Monumento Frei Caneca
• Casa da Cultura
• Memorial Luiz Gonzaga
• Memorial Chico Science
• Casa do carnaval

3.3. Mercado de São José


4. Em época de carnaval...

4.1 Galo da Madrugada
4.2 Batutas de São José
4.3 Estudantes de São José

5. Hoje no Bairro São José (Dados)

6. Conclusão

7. Referências





1. História do Bairro de São José


O bairro de São José, um dos mais antigos e tradicionais bairros do Recife, possui uma área de 178 hectares e uma população de 8.653 habitantes (Censo de 2000, do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nos seus primórdios, o local correspondia junto com o bairro de Santo Antônio, ao que já foi a ilha de André de Albuquerque. O bairro foi desmembrado da freguesia do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio, através da Lei Provincial nº 132, de 2 de maio de 1844. Durante um certo período, foi chamado de Campina do Taborda. No início era habitado por pescadores e na área existiam as famosas “Cacimbas de Ambrósio Machado”, próximo das quais os holandeses construíram, em 1630, o forte Frederico Henrique, hoje denominado Forte das Cinco Pontas. Depois de vários aterros e outros melhoramentos o local começou a receber um número maior de moradores, principalmente a partir de 1875, quando em 7 de setembro daquele ano, foi inaugurado o Mercado de São José, na antiga Ribeira do Peixe.

Situado na parte central e mais urbana da cidade tem como referências o Mercado de São José; o estuário do Pina; a antiga Casa de Detenção, hoje transformada em Casa da Cultura; a Estação Central, onde hoje se encontra o Museu do Trem; a Praça Sergio Loreto e, sua espinha dorsal, as ruas da Concórdia e Imperial. Onde atualmente se encontra a praça do mercado de São José, existia, em 1787, um pequeno comércio de verduras e frutas conhecido como a Ribeira de São José. Foi no bairro de São José que, em 1825, Antonio José de Miranda Falcão, montou uma tipografia e fundou o Diário de Pernambuco, o jornal mais antigo em circulação da América Latina.

Na década de 1930, o bairro era habitado por comerciantes, funcionários públicos, comerciários, portuários e outros representantes da classe média do Recife. Porém, há muito tempo, o bairro deixou de ser uma zona eminentemente residencial. São poucas as famílias que lá residem e não existem mais quintais e hortas como antigamente. A Rua das Calçadas se transformou em uma área movimentada de comércio na cidade.

O carnaval do Recife tem muitas de suas tradições ligadas ao bairro. Além dos blocos Batutas de São José, Donzelos, Traquinas de São José, Prato Misterioso, Pão Duro, entre outros, foi sede de importantes clubes carnavalescos como o Clube das Pás Douradas, dos Vasculhadores e do Clube Vassourinhas, apelidado carinhosamente de “Camelo de São José”, além da escola de samba Estudantes de São José, que como o nome diz, foi criada pelos estudantes da vizinhança. Os ensaios de rua dessas agremiações, antes do carnaval, levavam multidões às ruas do bairro, dançando o frevo e cantando as músicas da época na maior animação. É do bairro também que sai, desde 1977, no sábado de Zé Pereira “o maior bloco carnavalesco do mundo”, O Galo da Madrugada, anunciando a chegada de Momo. Ao longo do bairro se encontram várias igrejas como a Basílica da Penha, construída pelos capuchinhos franceses em 1856; a de São José, edificada em 1864 e cujo padroeiro deu seu nome ao bairro; a de Nossa Senhora do Terço; a de São José de Ribamar, localizada próximo ao cais de Santa Rita e, antigamente também, a dos Martírios, demolida em nome do desenvolvimento urbano.
O bairro possuía quatro cinemas, o Moderno, na Praça Joaquim Nabuco, o São José, na Rua das Calçadas, o Ideal, na Vidal de Negreiros e o Glória, na Praça do Mercado, o único que ainda resiste, mas onde somente se apresentam filmes da linha pornô. No local da atual Avenida Engenheiro José Estelita, em frente ao estuário do Pina, havia apenas um caminho de terra batida ou de areia da praia, onde circulavam – e às vezes atolavam – carros e carroças puxadas a cavalo e transportadoras de feno.

Na área também se jogava futebol, se empinava papagaio e quando a maré baixava, boa parte do local se transformava em mangue, aonde muitas pessoas iam, com seus ganchos e latas, pescar crustáceos. Pelas ruas do bairro era realizada, antigamente, a Corrida da Fogueira. Começava no Largo da Paz, em Afogados, passava por toda a rua Imperial, dobrando à esquerda na praça Sérgio Loreto, seguindo pela rua da Concórdia, rua do Sol e tendo seu ponto final na avenida Rosa e Silva, na sede do Clube Náutico Capibaribe, promotor do evento. Durante todo o trajeto, havia pelas calçadas uma grande quantidade de curiosos e torcedores que aplaudia, brincava e xingava os concorrentes.

Hoje, o velho bairro de São José encontra-se desfigurado, com alguns imóveis em ruínas, problemas sociais, de higiene urbana e de trânsito. Como um patrimônio da cidade do Recife e dos recifenses merece ser restaurado e preservado.





2. Pontos Turísticos

2.1 Igrejas

Pátio de São Pedro dos Clérigos

O Pátio de São Pedro, tal qual sua configuração urbana atual, surgiu da construção da igreja que lhe deu o nome nas primeiras décadas do século XVIII.

Antes da edificação da igreja, havia no local apenas uma horta e seis casas de morada assentadas junto às trincheiras holandesas. As casas foram destruídas para dar início à construção da igreja em 1728, tendo sido, inclusive, aproveitada parte do material demolido do casario na obra da igreja.

Em mapas do século XVIII, como em um datado de 1771, pode-se visualizar a ocupação do lugar e a forma do Pátio.

Por esse plano de Santo Antônio pode-se ver que a Igreja de São Pedro dos Clérigos está isolada, entre dois espaços não-construídos, sendo aquele fronteiriço à fachada principal da igreja o Pátio de São Pedro dos Clérigos. Um espaço mais amplo do que o outro e que, a partir de seu formato – um trapézio que se afunila em direção à igreja, propicia um maior destaque ao monumento religioso.

A configuração urbanística do pátio era isolada do resto do conjunto urbanístico da cidade por meio de quadrilátero quase fechado por casas que circundam a igreja. É provável que tal configuração mais ou menos hermética, com perspectivas marcantes, tenha sido propositalmente pensada pela Irmandade de São Pedro dos Clérigos, já que, antes da construção da igreja, se passou bastante tempo entre a tomada de decisão até a idealização definitiva da planta. Tudo indica que o conjunto de casas também foi pensado, já que passavam a pertencer à irmandade as seis moradas e a horta.
Essa forma do Pátio, a inserção da igreja, o desenho das ruas e a forma das quadras são muito próximas da configuração atual, tendo havido apenas pequenas transformações ao longo do tempo, como se pode ver no item Integridade.

É provável que nos séculos XVIII e XIX, como apontou o historiador pernambucano José Luiz Mota Menezes em entrevista, o Pátio fosse ocupado por moradias de pessoas não-abastadas. Segundo o historiador, desde os planos para a Ilha de Antônio Vaz, no período da ocupação holandesa, o bairro foi pensado como local de moradias simples. Os vestígios dessa simplicidade estão nas dimensões das casas. Essa suposição é corroborada pelos estudos do arquiteto Nestor Goulart Reis, publicados no livro Quadro da Arquitetura no Brasil, que relaciona as casas térreas a moradores de posses limitadas.

O pátio deve ter tido sua importância na vida religiosa da paróquia local, mas, como não existem significativos registros da vida cotidiana no Pátio, não é possível balizar o grau dessa dinâmica. Segundo José Luiz Mota Menezes, citado em monografia do historiador Fernando Guerra, os pátios do Recife nasceram com funções religiosas, porque as cidades coloniais eram organizadas de acordo com princípios religiosos. Eram, então, usados para realização de procissões, missões e outros rituais.



Igreja de Nossa Senhora do Terço

A pequena igreja de Nossa Senhora do Terço, situada no tradicional Pátio do Terço, no bairro de São José, encontra-se entre a rua Direita e a rua das Águas Verdes. Parece um "ferro de engomar", afirmam alguns: alta e esguia, como um campanário, e com uma torre, apenas.

Durante a presença holandesa no Recife, o conde Maurício de Nassaudesejou atribuir uma cor moderna à cidade. Para tanto, no local onde se encontra o Pátio do Terço, ordena a abertura de canais, a drenagem de terras alagadas, o levantamento de trincheiras com fossos e estacadas, entre outros.

Quando os flamengos são expulsos, aquele lugar fica sendo conhecido como "a estrada da cidade, para quem viesse do lado do continente". Até as primeiras décadas do século XVIII, no começo da Rua dos Copiares (chamada, hoje, de Rua Cristóvão Colombo), existia um nicho, com uma imagem de Nossa Senhora, onde os viajantes se ajoelhavam e rezavam um terço à Virgem Santíssima. Como a localidade havia se tornado um ponto importante, a Igreja de Nossa Senhora do Terço foi ali erguida: na antiga Rua dos Copiares.

A Irmandade de Nossa Senhora do Terço, por outro lado, só é instalada, na capela de Nossa Senhora do Terço, no dia 19 de setembro de 1726. Na metade do século XIX, tal capela já se encontrava quase demolida, quando, por iniciativa da Irmandade, o novo templo é construído.

Antes disso, porém, um acontecimento histórico tem lugar às portas da igreja: a condenação, à forca, do frade revolucionário da Confederação do Equador, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca.

Entretanto, como ninguém se prestou a enforcar Frei Caneca, na igreja de Nossa Senhora do Terço, os soldados levaram-no a pé, por toda a extensão do Pátio do Terço, até o Largo das Cinco Pontas, onde o frade termina sendo morto a tiros de espingarda, junto à igreja de São José, a despeito da comoção popular.

A capela-mor e um dos altares da igreja de Nossa Senhora do Terço foram entalhados pelo mestre pernambucano José de Souza. No templo, pode-se apreciar um coruchéu (parte mais elevada de uma torre) de azulejos, com jarros ornamentais e uma balaustrada elegante; um sino; uma pequena cruz com anjos; uma janela com balcão de grade; um relógio e uma data: 1726.

Algumas imagens estão, também, presentes na igreja: Nossa Senhora do Terço, Senhor Bom Jesus, Santo Antônio, São João, São Brás, São Manuel da Paciência, Nossa Senhora das Angústias, São Sebastião, Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora da Soledade.



Basílica de Nossa Senhora da Penha


A construção da Igreja de Nossa Senhora da Penha, na cidade do Recife, capital do Estado de Pernambuco, teve inicio em 1870. Durou cerca de 12 anos, sendo inaugurada em 1882. Seu arquiteto e construtor foi o frade capuchinho de Vicenza. A Basílica é de estilo coríntio e é o único exemplar do Recife. A igreja é uma replicada Santa Maria Maior (Roma-Itália). Tem a forma de uma cruz latina e mede 65,70cm de comprimento, com 28,40cm de largura; a cúpula nas duas laterais; no cimo das colunas de sustentação da cúpula, encontram-se quatro figuras em afrescos, que representam os quatro evangelistas: Mateus, Marcus, Lucas e João. Rara beleza encontrada no Brasil, datada de 1950, de autoria do pintor pernambucano Murilo La Grecca.

Em 1949, o papa XII declarou-a Basílica Menor. Nesta igreja, encontra-se o maior acervo de relíquias no Brasil, entre elas: São Félix, Santo Urbano e São Clemente. Também se encontram guardados, num suntuoso mausoléu, os restos mortais de Dom Vital*, aberto à visitação dos fiéis. A Basílica da Penha, como é conhecida por muitos, destaca-se pela sua atividade religiosa de atendimento aos fiéis pelos Frades Menores Capuchinhos, principalmente, às sextas-feiras com celebrações eucarísticas, atendimento de confissão auricular e a tradicional benção de São Félix de Cantalice.

Quem foi Dom Vital?


Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo capuchinho brasileiro, nasceu em 27 de novembro de 1844, no Engenho Aurora, Pedras de Fogo, freguesia de Itambé, Pernambuco, divisa com a Paraíba. Filho do Capitão Antonio Gonçalves de Oliveira e de D. Antônia Albina de Albuquerque, D.Vital iniciou seus estudos sob a direção do Padre Antonio Generoso Bandeira, na Escola Pública de Itambé. Em seguida, mudou-se para o Recife, onde estudou no Colégio Benfica, que era dirigido por sacerdotes. Foi aluno destaque e logo conquistou a estima dos mestres e colegas. Entrou para o Seminário de Olinda e recebeu a tonsura (cerimônia religiosa em que o bispo dá um corte no cabelo do ordenado ao conferir-lhe o primeiro grau do clericato) das mãos de D. João da Purificação, em 1861, merecendo a distinção de ir estudar Teologia no Seminário de Issy, em Paris, onde ficou até 1863, quando entrou para o Convento dos Capuchinhos, em Versailles.

Em 1868, concluiu seus estudos sacerdotais em Toulouse, na França. Retornado ao Brasil, ensinou Filosofia no Seminário Maior de São Paulo. Em 1871, D. Vital foi escolhido pelo Imperador D. Pedro II para ser o bispo de Olinda. Em maio de 1872, com apenas 27 anos, D. Vital assumiu a sua Diocese, sendo recebido com solenidade e tomando posse de seu cargo na Igreja do Espírito Santo. Logo iniciou campanha contra a Maçonaria, o que originou a chamada Questão Religiosa. Nessa época, a Maçonaria era proibida pelo Papa aos católicos. Todavia, no Brasil, a Maçonaria atuava normalmente e era seguida pela maioria das personalidades do Império e até havia prestado relevantes serviços no processo de independência do Brasil.

Dom Vital encontrou na Diocese muitos padres maçons e confrarias governadas por maçons, em cujas mãos estavam às chaves das igrejas e até as do sacrário. O próprio Primeiro Ministro, da época, o Visconde de Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos) era Grão- Mestre da Maçonaria. Por ocasião das comemorações da Lei do Ventre Livre, a Maçonaria organizou , no dia 2 de março de 1872, uma festa que foi prestigiada por grande número de pessoas. Falaram diversos oradores e entre eles o Padre Almeida Martins, que fez um discurso em perfeito estilo maçônico, publicado nos jornais e divulgado pelo Brasil, causando um grande escândalo. Em decorrência desses acontecimentos o Padre Almeida foi punido pelo Bispo do Rio de Janeiro, D. Pedro Maria de Lacerda, com a suspensão das suas funções eclesiásticas. Por este ato, as Lojas maçônicas declararam-se ofendidas e a 16 de abril do mesmo ano, realizaram uma assembléia geral para tomar resoluções sobre o caso. O próprio chefe do governo dirigiu a assembléia e propôs:

1. Iniciar pela imprensa uma campanha contra os bispos e a igreja.
2. Convidar todos os maçons dissidentes e se unirem.
3. Recolher fundos para as despesas da luta.


Fundaram-se novos jornais, órgãos declarados da maçonaria. Os principais foram: A Família, no Rio de Janeiro; Correio Paulistano, em São Paulo; O Maçom, no Rio Grande do Sul; O Pelicano, no Pará; A Fraternidade, no Ceará; A Labarum, em Alagoas; A Família Universal e a Verdade, no Recife. O governo e depois o Barão de Penedo, acusaram D. Vital de ter perturbado o Brasil. Mesmo antes da chegada de D. Vital ao Recife, a imprensa procurou semear desconfiança contra o novo bispo, chamando-o de homem perigoso e frade de espírito inquisitorial. D. Vital iniciou com apoio do bispo D. Antonio Macedo Costa, campanha contra a maçonaria, impondo restrições às confrarias, cujos membros foram convidados a abandonar a maçonaria, ficando suspensos os que não o fizessem. As Irmandades suspensas por D. Vital apelaram para a Corte. O bispo foi interpelado, mas negou-se a explicar ao Ministro Visconde do Rio Branco a razão de seus atos, que considerava de exclusivo domínio da hierarquia da Igreja. Entre os padres, havia alguns menos cumpridores de seus deveres, sobressaindo-se o popular padre Joaquim Francisco de Faria, de Olinda, que depois de advertido, foi suspenso, o que motivou cenas de vandalismo por parte de seus amigos e de arruaceiros, encabeçadas por figuras notáveis do partido liberal.

No dia 14 de maio de 1873, a Igreja dos Jesuítas foi invadida e depredada, ferindo dezenas de fiéis que assistiam às cerimônias. Em 12 de abril do mesmo ano, D. Vital foi intimidado para suspender as proibições feitas, mas o bispo não recuou, continuando no cumprimento do seu dever. D. Pedro II se encolerizou com a resistência e convocou o Conselho de Estado. Dos 11 membros do Conselho, só o Visconde de Abaeté protestou contra as violências que estavam sendo praticadas contra os bispos. Em todo o País, os verdadeiros católicos despertavam à voz de protesto de Zacarias de Góis, de Antonio Ferreira Viana, do jurista Cândido Mendes, de Silveira Lobo, de Figueira de Melo, de Tarquínio de Souza e de dezenas de outras figuras marcantes. Pela oposição aos bispos, além dos maçons militares chefiados pelo Visconde, colocavam-se Rui Barbosa, Franklin Távora, Saldanha Marinho, Joaquim Nabuco e outros.

Os bispos D. Vital e D. Macedo foram presos e condenados implacavelmente a quatro anos de prisão e trabalhos forçados, a mando do Imperador, que ainda enviou um emissário a Roma, o Barão de Penedo, com a finalidade de conseguir do Papa Pio IX uma condenação para os bispos. Centenas de milhares de assinaturas de protesto chegaram às mãos do governo. O Imperador teve dificuldades de encontrar um chefe de gabinete capaz de superar a crise e teve de ir bater à porta do Duque de Caxias, que só aceitou o cargo com a condição de que os bispos fossem anistiados.

Finalmente, através do Decreto 5.993, de 17 de setembro de 1875, foi decretada a anistia. Ao ser libertado da prisão, D. Vital viajou para Roma com a finalidade de esclarecer sua posição perante o Papa, uma vez que o Barão de Penedo e o Barão de Araguaia tinham deturpado a verdade. O Papa ouviu o bispo e lamentou pelas informações falhas que havia recebido do governo brasileiro. Na carta papal ao episcopado brasileiro, datada de 29 de abril de 1876, Pio IX define seu verdadeiro pensamento dando plena razão aos bispos perseguidos. D. Vital, doente e exausto, solicitou sua exoneração do cargo, mas não foi atendido, nem por Pio IX e nem por seu sucessor Leão XIII. Dessa forma, em outubro de 1876, voltou à sua Diocese, onde foi recebido com manifestações de boas-vindas. Continuou seu trabalho restaurador, concluindo a obra interrompida em decorrência das questões religiosas. Porém, seu estado de saúde agravou-se e ele teve de voltar à Europa, onde morreu no dia 4 de julho de 1878, com 33 anos de idade. D. Frei Vital é considerado mártir da fé e defensor dos direitos da Igreja Católica. Depois de três anos, os restos mortais de D. Vital foram transferidos para o Brasil e sepultados, solenemente, na Basílica da Penha, no Recife.


Igreja de Nossa Senhora do Carmo

O Palácio da Boa Vista surge entre nós em 1643, da construção pelo conde João Maurício de Nassau de sua casa de recreio, chamada inicialmente de casa da Bela Vista, erguida em terreno por ele adquirido à Companhia das Índias Ocidentais. Um “local aprazível, alegrado também por jardins e piscinas”, como denominava Gaspar Barlaeus. Localizado na cabeceira da ponte sobre o Rio Capibaribe que ligava a cidade Maurícia ao continente, funcionando como forte militar devido a sua posição estratégica de uma magnífica visão da grande massa de terra.

Com a expulsão dos holandeses, em 1654, a Casa da Boa Vista foi doada à Ordem Carmelita para que nela se instalasse o hospício do Recife. Tendo entre seus primeiros habitantes o frei Francisco Vidal de Negreiros, filho do mestre-de-campo André Vidal de Negreiros, então no governo da capitania de Pernambuco. Os primeiros frades Carmelitas chegaram ao Brasil em 1580, vindos de Portugal. Em 1584, com a fundação de um convento em Olinda, o primeiro do país, realizou-se a primeira festividade brasileira em honra a Nossa Senhora do Carmo.

Para se fixarem definitivamente na povoação do Arrecife, os carmelitas tiveram de enfrentar uma conturbada história de lutas com a Câmara de Olinda e com os seus próprios irmãos de ordem do Convento de Santo Antônio do Carmo; estes últimos, seguidores da Reforma Turônica, enquanto os do Recife permaneciam na vida religiosa contemplativa, sendo por isso chamados de “observantes”. Tais desavenças, em muito contribuíram para o retardamento das obras de construção do Convento no Recife, continuamente suspensas tanto pelo governo da capitania quanto pela própria coroa portuguesa. O cerne de desavenças, porém, era outro e prendia-se aos conflitos entre a nobreza rural, que dominava a Câmara de Olinda, com a burguesia do Recife, os quais em 1710 vieram a dar causa ao que depois se convencionou chamar de Guerra dos Mascates.

Como se queixavam da situação de insalubridade da Casa da Boa Vista, os carmelitas do Recife receberam em cinco de maio de 1679 uma área de 100 braças de terra de salgado (terras alagadas pela maré alta) em torno do primitivo hospício, para nelas construir algumas oficinas e o seu quintal. Nas terras anteriormente doadas, já tinham os frades construído o seu primeiro convento, aproveitando grande parte da Casa da Boa Vista, com uma capela dedicada a Nossa Senhora do Desterro e uma senzala.

Padeciam os frades de grande desconforto na primitiva casa da Boa Vista, quando o capitão Diogo Cavalcanti Vasconcelos, senhor do engenho São Francisco da Várzea, casado com D. Catarina Vidal de Negreiros, filha do governador André Vidal de Negreiros, veio em auxílio das obras do seu cunhado, frei Francisco Vidal de Negreiros. Inicialmente comprometeu-se, em escritura pública, de 18 de agosto de 1685, a construir às suas custas a capela-mor de uma nova igreja, a ser erguida nas proximidades da primitiva. Tendo por orago Nossa Senhora do Monte Carmelo, em troca do direito de ter sua sepultura no local, juntamente com sua mulher e seus herdeiros, bem como alguns sufrágios por sua alma. Para os serviços, foi contratado o capitão Antônio Fernandes de Mattos, construtor das mais importantes edificações do Recife no final do século XVII.

O túmulo do doador e de sua mulher, localizado na capela-mor ao lado do Evangelho, era assinalado por uma lápide, datada de 28 de agosto de 1703, que em 1898 veio a ser removida para o Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano.

Com o desaparecimento do primitivo convento, surgiram no seu local as ruas do Cano ou da Paz, Palma e Concórdia, passando esta área a ser denominada de Carmo velho.
Apesar do falecimento de Antônio Fernandes de Mattos, as obras, porém, arrastaram-se até 1767, data escrita em um medalhão abaixo do nicho da padroeira. O templo possui três capelas e seis altares, cada um com arquitetura particular e distinta, com ornamentação de talha, todos de branco e ouro mostrando claramente a influência do barroco rococó.

O interior da Basílica é de Grande riqueza artística, com as colunas salomônicas da balaustrada torneadas em jacarandá, o mesmo acontecendo com as tribunas, as grades de coro, os altares laterais e o arco cruzeiro, que obedecem ao estilo D. João V.
A capela-mor profunda, em estilo rocaille, toda em talha e dourada com desenhos acânticos e nervuras, é obra de cerca de 1780, possuindo, desde o século XIX, uma abóboda ogival geminada, com óculos abertos para o exterior, através dos quais penetram os raios de sol. O seu altar principal, totalmente revestido de talha dourada, é dominado pela imagem, em tamanho natural, da Virgem do Carmo, co-padroeira da cidade do Recife (1909), cercada por anjos e ladeada pelas imagens dos profetas Elias ( com jarro) e Eliseu(com uma espada e uma igreja). Imagem que, segundo tradição, teria vindo de Portugal para Pernambuco, anos antes da invasão holandesa (1630).

O teto possui um painel de autoria presumível a João de Deus e Sepúlveda, no qual aparece “Elias subindo aos céus no seu carro de fogo”, recuperado pelo restaurador José Ferrão Castelo Branco em 1973.

Vale também uma visita ao tesouro da igreja, onde se encontram o Relicário do Sagrado Coração, a Grande Custódia em prata dourada, e as jóias da Virgem com sua coroa pesando seis quilos de ouro fino, incrustada com brilhantes pérolas, rubis e outras pedrarias.

A Entrada do convento destaca-se por sua rica moldura de cantaria, entalhada com brasões seiscentistas em alto-relevo, que antecede a sala da portaria, na qual se encontra a imagem do Cristo na coluna, estando suas paredes revestidas por painéis de azulejos portugueses com cenas da paixão.

A solenidade de coroação de Nossa Senhora do Carmo, ocorrida em 16 de julho de 1920, encontra-se documentada em magnífico painel, pintado por Henrique Moser, no qual aparecem as figuras dos Bispos celebrantes, D. Jerônimo Tomé da Silva e D. Sebastião Leme.

No convento do Carmo viveu e está sepultado, porém em local não determinado, frei Joaquim do Amor Divino Caneca, militante da Revolução de 1817 e mártir da Confederação do Equador (1824).

As várias obras realizadas no século XIX acabaram por descaracterizar alguns aspectos originais, sobretudo a pintura das talhas. Praticamente toda a Basílica foi repintada de branco e dourado, escondendo toda a beleza do marmoreado colorido próprio do Século XVIII


Igreja de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos

Localizada no bairro São José, a Igreja de Nossa Senhora do Livramento é relativamente recente, tendo sido aberta ao culto religioso no dia 9 de dezembro de 1882. A construção do prédio, porém, começou bem antes disso. As suas talhas, por exemplo, foram elaboradas pelo artista entalhador João da Costa Furtado, de 1715 a 1717.

Existem documentos, também, que registram a consignação de verbas para as obras de frontispício e acabamento dos altares, e para as despesas referentes aos operários e aos materiais, que são dos anos 1711 e 1712. A quantia que se pagava aos pedreiros era de 320 réis por dia e, aos serventes, 100 réis por dia.

Tudo indica que a porta da igreja foi entalhada em 1720. Pagou-se, na época, um preço altíssimo pelo trabalho: 50 mil réis. Está preservado na sacristia, ainda, um lavatório de pedra da Paraíba, uma obra de grande valor artístico.

Há referências históricas que, em 1694, no local já havia uma igrejinha simples, sob a invocação de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos, em um terreno que fazia parte das "hortas de São Pedro dos Clérigos". No livro Narração Histórica das Calamidades de Pernambuco, de 1715, constata-se uma referência à Igreja de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos.

Uma de suas grandes devoções foi dedicada à Nossa Senhora do Bom Parto, tendo sido fundado junto ao altar-mor, em 1702, uma Irmandade, sob a invocação dessa santa. Sabe-se, por outro lado, que, em 1724, a Irmandade de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos já existia. Em um documento datado de 12 de novembro do mesmo ano, tal Irmandade escrevia ao rei solicitando uma ajuda com o objetivo de fazer a festa da padroeira de sua igreja.

O prédio do templo vinha sendo alvo de reformas contínuas. Neste sentido, em 1830, a Irmandade decidiu demoli-lo e, em seu lugar, construir um templo suntuoso. Para tanto, a obra foi confiada ao mestre pedreiro Francisco José da Paz, cujo salário era o de 1 mil e 200 réis diários. Os pedreiros ganhavam 800 réis e os serventes, 240 réis.

Em 1832, quando os trabalhos já estavam bem adiantados, colocou-se, no nicho da igreja, uma imagem de Nossa Senhora do Livramento, esculpida em pedra e em tamanho natural, e ela foi reaberta aos cultos religiosos. Um artista bastante famoso - Cândido Ribeiro Pessoa - foi encarregado, no ano de 1840, da douração do altar-mor e dos salientes laterais.

Desde a reforma do século XIX, a igreja possui linhas clássicas coloniais, e a sua fachada apresenta traços de relevo em pedra de cantaria e em granito lavrado. A sua frente possui uma área toda cercada por gradis de ferro, com três portões bonitos sobre uma escadaria de pedras, e a sua torre mede 25 metros.

O teto é uma obra de arte em madeira, cobrindo toda a amplitude do salão, e apresenta traços que simulam os raios do Santíssimo. No salão, pode-se apreciar dois grandes painéis sobre madeira, com um colorido queimado, que representam a Apresentação e o Desposório de Nossa Senhora; e duas telas: a primeira retrata o mestre-de-Campo José de Vaz Salgado e, a segunda, um oficial desconhecido.

No alto do frontispício, vê-se uma bela cruz em ferro, ricamente trabalhada, que, na época, foi executada pela Fundição Aurora, um estabelecimento comercial de renome. Vê-se, ainda, um grande armário embutido na parede, datado de 1843, todo em jacarandá lavrado, onde são guardados os objetos dos cultos; e a imagem de Nossa Senhora da Conceição, conservada no consistório da igreja.

Pode ser apreciada no templo, inclusive, uma imagem de São Gonçalo Garcia, um santo de cor parda, nascido na Índia, que foi martirizado em 1597 e, em 1627, beatificado pelo Papa Urbano VIII.

O Imperador D. Pedro II foi eleito juiz perpétuo e protetor dessa Irmandade, em 1845. Por essa razão, durante toda a vigência do Governo Imperial, as festas anuais em louvor à padroeira foram acompanhadas por um aparato militar: uma guarda de honra do exército.

A Igreja de Nossa Senhora do Livramento não costuma mais celebrar as festas populares como outrora, já que está situada em uma área completamente comercial. Não obstante, os seus atos normais de serviço de culto são celebrados com regularidade.

Hoje, a cerimônia de maior repercussão é a Missa do Comércio, rezada todos os domingos, às 12 horas, no altar de Nossa Senhora da Soledade, santa que foi consagrada como a padroeira dos Empregados do Comércio do Recife.



Igreja de São José


Em 2 de maio de 1844, o então Presidente da Província de Pernambuco, Antônio Pinto Chichorro da Gama, promulgava a Lei Provincial nº 133, criando a paróquia de São José do Recife, desmembrando o seu território do de Santo Antônio. Designando noutro despacho a Igreja de São José de Ribamar para servir de matriz enquanto não se construía um templo próprio. Criada a paróquia, tratou o zeloso Bispo diocesano D. João da Purificação Marques Perdigão de fazer a aquisição do terreno necessário à construção do templo dedicado a São José, padroeiro do bairro.

Apesar dos poucos recursos se dispunha de uma fé inabalável na Divina Providência, o Bispo lançou a Pedra Fundamental do novo templo em 8 de setembro de 1845 na presença das principais autoridades da província, entre eles, o próprio Presidente da Província. Projeto arrojado pelas suas dimensões, “beleza arquitetônica e custosa decoração”, no dizer de Pereira da Costa exigiu o Bispo diocesano esforços inauditos. Porquanto não hesitou em um só instante de usar de toda sua influência e prestígio quer junto aos fiéis, quer junto às autoridades da província a fim de conseguir os recursos financeiros necessários para a execução da obra. Mesmo com seus desejos de celebrar a primeira missa do novo templo, não pôde o insigne prelado realizar tal desejo, pois veio falecer em 30 de abril de 1864 deixando a árdua tarefa da construção do templo a seu sucessor.

Em maio do mesmo ano, é eleito pelo cabido de Olinda, o Sr. Dr. Joaquim Francisco de Farias, Deão da Catedral de Olinda e Vigário Capitular da Diocese de Pernambuco. Já havia ocorrido 20 anos desde o lançamento da Pedra Fundamental e as obras ainda se arrastavam, sem que houvesse a mínima previsão para sua conclusão. A eleição do Deão Farias, no entanto, veio modificar o quadro. A ousadia e a coragem do Deão surpreenderam a todos. Em quatro meses de trabalho, o templo estava parcialmente construído, faltando-lhe apenas alguns retoques para que o mesmo pudesse ficar totalmente pronto.

Finalmente em meados de dezembro de 1864, tem início os atos de inauguração do novo templo. Para começar a época da fundação do templo, figura na torre do Norte esta inscrição lapidar:

“Colocada a primeira Pedra Fundamental pelo Exmº. Sr. Bispo D.
João da Purificação Marques Perdigão aos 8 de setembro de 1845”.

E a de sua inauguração, esta outra na torre do Sul:

“Inaugurada pelo Exmº. Sr. Világio Capitular D. Joaquim Francisco de Farias em 8 de dezembro de 1864”.

Desde a sua fundação até a presente data, 51 vigários passaram pela Matriz de São José, dos quais três merecem menção:

Pe. José de Oliveira Lopes, eleito Bispo de Pesqueira;
Pe. Augusto Álvares da Silva, primeiro Bispo de Floresta e posteriormente sagrado Cardeal Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil;
Pe. João Tavares Moura, Bispo de Garanhuns/PE




2.2 Museus, Memoriais e Centros Culturais

Museu de Arte Popular


O Museu de Arte Popular (MAP) vinculado à Fundação Cidade do Recife, da secretaria de Cultura do Recife, foi criado em 1986, por ocasião do desmembramento do acervo da então Galeria Metropolitana do Recife, hoje Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM). Seu acervo começou a ser constituído a partir de 1979, com a aquisição de obras de arte da Galeria Nega Fulô, da pesquisadora Sílvia Coimbra. Sendo ampliado em 1983, com um conjunto de obras do Mestre Vitalino por doação do Bandepe Clube.
O novo MAP é formado pelas casas 45 e 49 do Pátio de São Pedro e conta com espaço educativo, biblioteca, exposições temporárias e reserva técnica, destacando as esculturas de barro e cerâmicas.

Sua missão é promover ações que permitam a preservação da memória da arte popular nordestina e brasileira, através de pesquisas sobre seu acervo e o universo da arte popular, e estimular um profícuo diálogo com o público visitante, artistas, colecionadores e pesquisadores, a fim de sensibilizá-los para os sentidos da arte, e para a fruição e apropriação de seu a cervo enquanto suas referências identitárias.

Dentre suas ações, destacam-se a realização de exposições itinerantes pelo Recife e outras cidades do estado, através de parcerias institucionais; a execução de oficinas de arte em cerâmica e madeira, que cumprem um papel de difusão e preservação de um saber, além de valorizar os artistas populares.

As ações são embasadas por um trabalho educativo. Pela medição cultural, procura-se desenvolver no público a capacidade de ler a obra de arte/objeto museal e desenvolver um olhar crítico, sobre essas expressões, que fazem parte da nossa identidade cultural e permitem aflorar as mais diversas representações sociais.

O MAP – Museu de Arte Popular, através de suas ações, permeados pela pesquisa, busca tornar-se um centro de referência nos estudos sobre a arte popular. Para isso, construiu um portal na web (www.recife.pe.gov.br/map), ainda em processo de implementação, a fim de permitir o acesso às informações sobre as coleções do Museu e de outros institutos e colecionadores da arte popular. O portal disponibilizará informações sobre as várias gerações de artistas, sobre os mais variados trabalhos de pesquisadores, indicações de bibliografias de referência, periódicos, documentários, entre outros.

A iniciativa da Prefeitura do Recife em criar o novo MAP faz parte das ações previstas no plano do Complexo Turístico Cultural Recife/Olinda. Além do Museu de Arte Popular, fazem parte dos equipamentos culturais do Pátio de São Pedro o Centro de Formação em Artes Visuais, o Memorial Luiz Gonzaga, Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural Casa do Carnaval e o Memorial Chico Sciense.

Em seu acervo, o Museu de Arte Popular salvaguarda um dos mais significativos patrimônios da arte popular, com mais de 400 obras, em cerâmica, madeira e tecido, que fazem referência à geografia da produção artística de todos os estados do Nordeste. Suas coleções datam dos anos 1960 e 1980, com destaque para Mestre Vitalino, Zé Caboclo, José Antônio Vieira, Severina Batista, Antônia Leão, Benedito, Bigode, Biu Santeiro, Nhô Caboclo, A família Porfírio, Ana das Carrancas, Zé do Carmo, Nuca, Louco, As Marias do Juazeiro, Nino, José Duarte, entre outros mestres da arte popular.

A exposição atual encontra-se desde o dia 21 de novembro de 2008. Uma amostra da arte nordestina, destacando artistas de Caruaru, Tracunhaém, Goiana, Juazeiro do Norte, Paulista e Terezina; como também da Bahia e do Rio Grande do Norte.
A partir do dia 12 de Junho de 2009 o Museu de Arte Popular abrirá uma exposição exclusiva do Mestre Vitalino, a fim de comemorar os 100 Anos do artista.

O Museu de arte Popular atende ao público de segunda a sexta, das 9h às 17h


Estação Central do Recife e o Museu do Trem

A Estação Central do Recife foi construída em meados do século XIX (1850-1856), recebendo inicialmente o nome de Estação Inicial da Rede Ferroviária do Nordeste.
Logo após haver ganho a concessão para explorar o transporte de cargas e passageiros em todo o estado de Pernambuco, a Great Western of Brazil Railway Company desativou sua estação do Brum e centralizou todos os terminais de trens no bairro de São José, próximos à Casa de Detenção (hoje Casa da Cultura), determinando esse ponto de Estação Central.

A Great Western atuava de Alagoas até o Rio Grande do Norte. Partindo da Estação Central as pessoas podiam chegar a diversos pontos do Nordeste do Brasil, tais como o sertão do Cariri, no Ceará; Campina Grande, na Paraíba; as caatingas do Pajeú, em Pernambuco; ou as margens do rio São Francisco, em Alagoas.
Em 1950, o Governo da União encampou a Great Western, transformando-a na Rede Ferroviária do Nordeste (RFN), que passou a ser um das subsidiárias da RFFSA em 1957. Os trens interestaduais de passageiros seguiram até os anos 1980.
A Estação Central do Recife foi inaugurada em 1888, servindo à Estrada de Ferro Central de Pernambuco, segunda ferrovia a ser aberta no Brasil e pertencente à Great Western. A Estrada de Ferro, inicialmente, seguia para Jaboatão e depois foi sendo prolongada sucessivamente no sentido oeste do Estado, ligando Recife a Una (hoje Palmares, PE). Desde 1972 a Estação Central abriga a sede do Museu do Trem, que teve como patrono o sociólogo Gilberto Freyre. O seu acervo conta com mais de 400 peças.
Com a implantação do metrô de superfície, ou Trem Metropolitano do Recife – o METROREC, pertencente à Superintendência de Trens Urbanos do Recife da Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, cujo primeiro trecho seria inaugurado em 1985, a antiga Estação Central se tornaria, então, a porta de entrada para esse moderno meio de transporte de passageiros da Região Metropolitana do Recife.
A estação foi então transformada definitivamente em museu, mas ainda funcionava como estação - e, depois de reforma, passou a ser uma das portas de entrada para a estação Recife do Metrorec, aberta quando o metrô começou a operar, em março de 1985. Ou seja, para se atingir o metrô, podia-se entrar pela estação Central e seguir por um túnel apelidado de "Túnel do Tempo" até se chegar ao metrô. A Princesa Isabel abolia a escravidão no Brasil e no mesmo ano inaugurava-se a Estação da Estrada de Ferro de Pernambuco. Os trens já não apitam na curva, mas a Estação reúne fotos, locomotivas e peças desses tempos românticos. O museu torna-se único no país, que se destina a perpetuar a história ferroviária regional.

A edificação de estilo neoclássico da Estação ferroviária do Recife foi projetada pelo arquiteto mineiro Herculano Ramos e marcou o pioneirismo da região na construção de ferrovias. Na fachada do prédio da Estação Central é possível se observar dois torreões e, sobre eles, quatro águias de bronze de asas abertas. No meio da fachada, há um relógio com uma moldura artística, em mármore. Na entrada, pode-se ver quatro coroas de metal, onde estão gravados alguns símbolos maçônicos e os nomes de Viollet-le-Duc, W. Young, F. Schimidt e Polonceau.
A visita ao museu nos remete de imediato a época das velhas ferrovias com suas potentes máquinas sob trilhos, grandes locomotivas em sua maioria vindas do exterior através de acordos realizados entre o governo imperial e os ingleses de grandes companhias como a própria Western of Brazil Railway Company. Em frente ao museu nos deparamos com a bela Praça Mauá cujo nome remete às velhas máquinas adormecidas, pois, foi o próprio Barão de Mauá (o Barão do café) que implantou a primeira ferrovia brasileira em 1852 entre Petrópolis e Rio de Janeiro. A Praça possui um jardim devidamente cercado, onde antigamente, casais de namorados passeavam ao som dos dobrados que a bandinha tocava no coreto central do lugar.

No presente momento todo este complexo predial histórico está em vias de se tornar o Centro Cultural Banco do Brasil. Recife será a 4ª capital a ganhar uma unidade do centro. Atualmente, apenas Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília tem o espaço. O Centro Cultural Banco do Brasil, além de fiel depositário da memória ferroviária do Nordeste, prevê a instalação de teatro, salões de exposição, biblioteca, auditória e outros atrativos que abrigarão mostras permanentes e itinerantes de arte e cultura, nas suas diversas formas.

Sobre o barulho dos trens da época, correndo sobre os trilhos em Palmares - a sua cidade natal - Ascenso Ferreira escreveria o conhecido poema:

...”Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos
que amostram, molengos,
as mamas macias
pra gente mamar...

Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...”




Forte das Cinco Pontas (Museu da Cidade do Recife)

O Forte de São Tiago das Cinco Pontas situa-se no atual bairro de São José, próximo à antiga Estação Rodoviária de Santa Rita. É a última construção holandesa no Recife e um dos monumentos mais representativos da arquitetura colonial. Foi edificado pelos flamengos, no ano de 1630, por determinação do Príncipe de Orange - Frederik Hedrik -, tendo como seu idealizador o comandante Teodoro Weerdemburgh. Chamou-se, primeiramente, de Forte Frederico Henrique. Construída em taipa sobre um solo alto, e dominando, por completo, o porto do Recife, a fortaleza possuía como padroeira Nossa Senhora da Assunção. Ficava em uma área próxima às cacimbas de água potável de Ambrósio Machado, um abastado senhor de engenho na ilha de Antônio Vaz. Em decorrência de sua proximidade com tais cacimbas, também foi denominada de Forte das Cacimbas de Ambrósio Machado e de Forte das Cacimbas das Cinco Pontas. Os objetivos mais relevantes daquela fortaleza eram os de garantir à população o suprimento de água potável, mediante a proteção das cacimbas (ponto vital para o abastecimento d’água do Recife), e impedir que os navios inimigos circulassem pelas águas do Rio Capibaribe, e chegassem até a Barreta dos Afogados (através de uma passagem existente nos arrecifes), podendo se evadir, a partir daí, com os barcos carregados de açúcar.

Com a vinda do Conde João Maurício de Nassau-Siegen para o Recife, os holandeses iniciaram a construção de um canal de trinta metros de largura, partindo do Forte Frederico Henrique e se estendendo até o local onde se encontra, hoje, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Em 1637, por sua vez, as muralhas e a profundidade do fosso da fortaleza foram reformadas. No século XVII, ela é destruída por João Fernandes Vieira e ocupada por tropas luso-brasileiras, sob o comando de André Vidal de Negreiros e do general Francisco Barreto de Menezes. A capitulação dos holandeses ocorre na campina do Taborda, perto do atual Cabanga Iate Clube. Quando o Forte foi rendido, em 1654, havia os seguintes elementos em seu inventário oficial: 17 canhões de calibre 2 a 24, dois alfanjes de cortar cabeça e vários outros apetrechos bélicos.

A esse respeito, existe hoje, na entrada do Forte, uma placa que registra a rendição holandesa:

Próximo a este forte das Cinco Pontas, um dos últimos baluartes flamengos, na chamada campina do Taborda, existiu a porta sul de Mauricéia, onde o mestre de campo general Francisco Barreto, chefe militar da campanha de libertação e restauração de Pernambuco, recebeu a 28.1.1654, na qualidade de vencedor, as chaves da cidade, que lhe foram entregues pelo general Segismundo Von Schkoppe, comandante das forças holandesas que, na antevéspera se haviam rendido. Esta memória foi mandada colocar pelo Exército, no ensejo das comemorações do tricentenário da Restauração. 1654 – 1954.

Compreendendo a importância da fortaleza para a segurança e o controle da cidade, do ponto de vista estratégico, Fernandes Vieira ordena que a construção comece a ser restaurada em 1677. Dessa vez os portugueses empregam um material mais resistente do que a taipa, que os flamengos haviam utilizado na construção primitiva, e as obras foram concluídas em 1684. Durante essa restauração, porém, um dos baluartes (ou pontas) do forte é suspenso, e o local fica reduzido a quatro pontas apenas (adquire a forma quadrangular), ao invés da pentagonal do início. De 1746, encontra-se preservada a seguinte descrição do Forte das Cinco Pontas: "um quadrado com quatro baluartes, com fossos e estrada coberta, e montava 8 peças de bronze de calibre 6 a 14, 8 de ferro de calibre 6 a 30, e 6 pedreiras de bronze de calibre 1 e 2; era comandado por um Capitão que recebia 16$000 de soldo por mês e mais 3 quartas de farinha, tinha um destacamento de fuzileiros e artilheiros, com um sargento e um condestável."

Mas, continua a ser chamado, por todos, de Forte das Cinco Pontas (ou Vijfhoek, em holandês), por ter a forma de uma estrela. A despeito da perda de um baluarte, o local termina ficando, mediante a nova configuração, com uma área total bem maior que a anterior. Cabe dizer ainda que, durante muitos anos, a fortaleza funcionou como uma prisão. O último nome adquirido pelo forte, finalmente, é o de São Tiago das Cinco Pontas, pelo fato de haver, em seu interior, uma pequena capela dedicada a São Tiago Maior, um dos seus santos padroeiros. Por volta do ano 1817, o local abrigava, também, a sede do Quartel General Militar. Antigamente, o forte possuía uns subterrâneos que serviam de prisão, mas eles foram demolidos no ano de 1822, por ordem de Gervásio Pires Ferreira, que dirigia a Junta do Governo Provisório de Pernambuco. Tais subterrâneos, vale salientar, eram verdadeiros túmulos dos vivos. Um dos presos mais ilustres, em 1935, tratou-se do romancista Graciliano Ramos. Em Memórias do cárcere, seu famoso livro, Graciliano se refere à Estação de Cinco Pontas como sendo um quartel. O Forte de São Tiago das Cinco Pontas possui um pátio interno, várias celas com grades pesadas, feitas em ferro, e um túnel oculto, planejado para os holandeses fugirem, caso sofressem uma invasão. As muralhas da construção, por outro lado, se apresentam recortadas nos pontos em que aparecem os antigos canhões de bronze. Pode-se apreciar um belo portão na entrada da fortaleza, todo feito em madeira de lei. As demais portas e janelas do forte foram confeccionadas com material idêntico.

Além de servir como prisão, o Forte de São Tiago das Cinco Pontas funcionou, ainda, como quartel do Esquadrão de Cavalaria, e como sede da Secretaria de Planejamento (Seplan) da Presidência da República. A fim de preservar a memória nacional, o então prefeito Gustavo Krauser, no dia 14 de dezembro de 1982, transformou o Forte das Cinco Pontas em um museu: o Museu da Cidade do Recife. Com exceção das segundas-feiras, esse museu está aberto à visitação pública todos os dias, incluindo sábados e domingos. O local possui um vasto e importante acervo iconográfico, recolhido em Pernambuco e em Portugal, onde se encontram expostos projetos originais de construções civis, militares e eclesiásticas, cartografias, pinturas, desenhos, esculturas e gravuras.

No museu, dentre as peças importantes podem ser apreciadas as seguintes: maquetes das distintas formas da fortaleza; pinturas de Franz Prost, expondo o Recife e a sua população durante o período holandês; fotografias antigas do Recife; coleção de gravuras antigas; portas entalhadas da Igreja dos Martírios (todas em madeira de lei); peças arqueológicas do próprio forte; pinhas de louça portuguesa de Santo Antônio do Porto; canhões de várias procedências; barra de ouro (de 1645) com um sinete da Companhia das Índias Ocidentais (que foi encontrada em Pernambuco); e uma chave simbólica (em ouro e prata) entregue a Dom Pedro II, por ocasião de sua visita ao Recife em 1859. O Museu da Cidade do Recife abriga, além dessas relíquias, uma parte do acervo da igreja dos Martírios, um conjunto de 150 mil mapas e fotografias, incluindo 1.114 negativos em vidro, telas, assim como uma exposição de 800 peças que registram o desenvolvimento da cidade do Recife.


Monumento Frei Caneca

Ao lado do Forte das Cinco Pontas há um histórico paredão onde, no dia 13 de janeiro de 1825, foi morto o frade carmelita Joaquim do Amor Divino Caneca - o conhecido Frei Caneca. Uma das figuras mais importantes da Confederação do Equador - movimento que eclodiu em Pernambuco no ano de 1824 e pregava idéias antiportuguesas e federativas, contrárias à centralização do poder pela coroa lusa. No final da revolução, Frei Caneca foi preso e condenado à morte. Mas ninguém teve coragem de enforcá-lo. Ele morreu então fuzilado no muro que continua de pé, vizinho ao Forte das Cinco Pontas. O local está marcado por um busto do mártir e por uma placa datada de 1917, colocada pelo Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco. Na parede onde Frei Caneca foi morto, contém os seguintes dizeres:


NESTE LARGO FOI ESPINGARDEADO
JUNTO À FORCA, A 13 DE JANEIRO DE 1825
POR NÃO HAVER RÉO QUE SE PRESTASSE
A GARROTEÁ-LO O PATRIOTA
Homenagem do Instituto
Archeologico e Geogrraphico
2-7-1917 Pernambuco


Quem foi Frei Caneca?

“Com uma pesada corrente de ferro no pescoço o prisioneiro ia andando devagar. Estava descalço, usava uma batina suja e rasgada, vigiado por soldados bem armados. Em direção ao porto, caminhava em silêncio. A Revolução Pernambucana tinha sido esmagada, mas a idéia de libertar a província do poder central estava cada vez mais viva.”

O prisioneiro retratado acima foi Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca, mais conhecido como Frei Caneca, um dos mentores da Revolução Pernambucana. Preso em 1817, Frei Caneca foi levado para Salvador, onde cumpriu pena até 1821. De família humilde, desde cedo demonstrando inteligência viva e grande força moral, Frei Caneca teve formação religiosa. Professou votos no convento do Carmo, em Pernambuco e tornou-se secretário do visitador da ordem. Freqüentou centros de estudos políticos de tendência liberal e participou do movimento revolucionário, pelo qual foi preso. Ao ser libertado, de volta a Pernambuco, tornou-se professor de filosofia, geometria e retórica. Em meio a intensa atividade jornalística, fundou o jornal "Tifis Pernambucano", de oposição ao governo central conservador. Os temas políticos dominaram a carreira literária de Frei Caneca. Como escritor, ele assimilou os modelos do jornalismo panfletário e deu um tom pessoal às idéias dos filósofos franceses do Iluminismo, como Montesquieu e Rousseau.

Com a instauração da monarquia, por Pedro 1º, em 1822, preparava-se uma Constituição para reger o país. Em 1824 o Imperador dissolveu a Assembléia Constituinte, outorgando uma Constituição de perfil conservador, contra a qual se insurgiu o grupo de Caneca. As lutas políticas que opunham o poder local ao Império tomavam vulto cada vez maior em Pernambuco. Dia 2 de julho de 1824, os líderes pernambucanos romperam definitivamente com o poder central. Anunciaram a formação de uma nova república - a Confederação do Equador - e pediram a adesão das outras províncias do Norte e Nordeste. O movimento, no entanto, não obteve o apoio necessário. A adesão dos países estrangeiros, a princípio esperada, também não foi adiante. O movimento acabou sufocado, depois de muitas lutas sangrentas. Dia 29 de novembro de 1824, a coluna na qual lutava Frei Caneca foi cercada pelas tropas legalistas.

Frei Caneca, um dos maiores idealizadores e combatentes do movimento, foi condenado à forca. Foi preso e levado para um calabouço. No dia de Natal do mesmo ano, foi transferido de sua cela a uma sala incomunicável, para receber a sentença. Muito foi feito para que Caneca não fosse executado. Houve petições, manifestações de ordens religiosas, pedidos de clemência. Em vão. Dia 13 de janeiro de 1825, o prisioneiro foi conduzido à forca. Na hora de chamar o carrasco, surgiu um problema. Não havia quem aceitasse enforcar Caneca. Castigos, sangue, pancadas. Nada, ninguém queria se prestar ao papel de carrasco. Por fim, resolveram trocar a forca pela execução por fuzilamento. Estava encerrada a carreira revolucionária de Frei Caneca. Seu corpo foi deixado num caixão de pinho em frente ao Convento das Carmelitas, de onde os padres o recolheram.



Casa da Cultura

Em 1848, o governo da Província de Pernambuco resolveu construir uma nova cadeia para a cidade do Recife e encarregou o engenheiro Mamede Alves Ferreira (1820-1862) de elaborar o projeto. Mamede também é o autor dos projetos do Ginásio Pernambucano e do Hospital Pedro II, no Recife.

O projeto da nova Casa de Detenção do Recife ficou pronto em 1850 e foi concebido segundo o modelo de penitenciária mais moderno existente na época, que tinha como princípio básico dispor as celas dos detentos de uma maneira que elas pudessem ser vigiadas a partir de um único compartimento central de controle. O prédio, com 8.400 metros quadrados de área construída e 6.000 metros quadrados de pátio externo, terminou de ser construído, em 1867, e custou 800 mil contos de réis ao governo de Pernambuco. O edifício, em forma de cruz é composto por quatro raios, Norte, Sul, Leste e Oeste, cada um com três pavimentos, que confluem para um saguão central coberto por uma cúpula metálica.

Em 15 de março de 1973, a Casa de Detenção do Recife foi fechada pelo então governador Eraldo Gueiros Leite, sendo os detentos transferidos para outros presídios do Estado, especialmente para a Penitenciária Agrícola de Itamaracá. A idéia de transformar a antiga Casa de Detenção, prédio tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), na Casa da Cultura foi do artista plástico Francisco Brennand, na época em que exerceu o Chefia da Casa Civil, no primeiro governo de Miguel Arraes, entre outubro de 1963 até às vésperas do golpe militar de 1964. Ele queria criar em Pernambuco uma instituição similar aos centros de educação nas áreas de literatura, teatro, música e artes plásticas, que estavam sendo criadas na França pelo escritor André Malraux.

O projeto para restauração do antigo complexo neoclássico foi elaborado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, juntamente com Jorge Martins Junior. A restauração e o aparelhamento ficaram sob a responsabilidade da Fundarpe.
Em agosto de 1975, enquanto estava sendo feito o trabalho de restauração do prédio foi realizado no local, sob o patrocínio da Rede Globo e Fundarpe, o II Salão de Arte Global de Pernambuco. A inauguração da Casa da Cultura aconteceu no dia 14 de abril de 1976. Hoje, o local é um centro de cultura regional e ponto turístico obrigatório da cidade. Suas antigas celas são ocupadas por lojas de artesanato, livraria e lanchonetes. É um espaço para shows e representações folclóricas regionais e abriga também o Museu do Frevo.

Conservando as suas característica originais, a Casa da Cultura foi tombada como monumento histórico de Pernambuco, através do Decreto 6.687, de 3 de setembro de 1980.


Memorial Luiz Gonzaga

O Memorial Luiz Gonzaga (MLG) é um equipamento cultural da Prefeitura do Recife, cujo principal objetivo é preservar e divulgar o maior legado de Luiz Gonzaga, sua obra musical, e tudo o que o envolve, conjunto patrimonial imaterial que revolucionou a música no Brasil das décadas de 40 e 50 do século XX, e contribuiu decisivamente para a formação da noção de nordestinidade no cenário cultural brasileiro. O MLG é um centro de memória e pesquisa, que oferece aos seus visitantes casuais, pesquisadores e turistas, não apenas informações provenientes de seu acervo físico e projeto expográfico, mas objetiva também ser um centro receptor e difusor do conhecimento produzido sobre a obra do Rei do Baião, estabelecendo ligações e convênios com instituições afins, utilizando os recursos da tecnologia da informação com perfil dinâmico e propositivo. O acervo atual do MLG foi constituído com a aquisição da coleção de Mávio Holanda, pela Prefeitura da Cidade do Recife, formada por discos raros de 78 rpm, Long Plays, CDs, fotos, impressos, álbuns de recortes, vídeos e arquivos de áudio em formato MP3. Constitui uma coleção singular do MLG, o conjunto de documentos cedidos para replicação pelo Parque Aza Branca, construído pelo Mestre do Araripe em seu torrão natal, na cidade de Exu - fotos, partituras e álbum de recortes. Consciente de que a tarefa educativa é uma responsabilidade de toda instituição que guarda acervo patrimonial de uma comunidade, e que a educação é o melhor caminho para a perpetuação das tradições culturais, o MLG também propõe cursos, palestras e atividades semelhantes no âmbito do universo de sua referência.




Memorial Chico Science

O Memorial Chico Science (MCS) é mais um equipamento cultural da Prefeitura do Recife, administrado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife, fazendo parte do Complexo Turístico Cultural Recife e Olinda. Um memorial por definição é um espaço dedicado a memórias, um lugar de reconstrução de histórias vividas. No entanto, pensar em conceituar um Memorial para Chico Science leva a um caminho que, começando no passado, também não poderia deixar de lado o por vir. Portanto, além do resgate do passado de Science, o memorial terá a fundamental função de levar a sua filosofia de reinvenção cultural adiante. Quando se trata de Chico Science, ninguém discorda que o músico saiu de uma carreira meteórica para se tornar um mito. Mas as lembranças são diversas. Sempre há quem pense nas alfaias ou no maracatu eletrônico lembrando de Chico como ícone máximo de um estilo de tocar música regional. Há quem pense também na origem do mangue que, por ser tantas coisas ao mesmo tempo, foi categorizado como movimento cultural – algo muito além da música. “A gente não quer fazer algo saudosista ou necrófilo em torno da memória de Chico. Queremos pensar no que pode ser feito na cultural local. Vamos fugir dos estereótipos que circundam o manguebeat”, explica Renato L, secretário de Cultura do Recife. “O Memorial tem como função maior a preservação do acervo de Chico, não exatamente seus pertences, mas sua memória imaterial”, explica. São três ambientes que têm como proposta reunir exposição e informação de forma educativa, mas também lúdica.
Maria Eduarda Belém, Duda, ex-namorada do músico e curadora do projeto, explica que o salão de entrada terá caráter informativo com exposição fixa de fotos, textos e referências visuais à história do artista e a sua relação com a cultura mangue. “Vamos apresentar a evolução de Chico até ele chegar a ser uma referência na música e na cultura pernambucana, e até nacional”, explica. Em um outro ambiente, caracterizado por Duda como “imersivo”, a ideia é induzir o público a se defrontar com o universo simbólico do mangue a partir de uma instalação artística. “Tivemos a ideia de criar um espaço em que a atmosfera do Recife fosse trabalhada de maneira mais intuitiva”, explica. No local, os visitantes podem interagir com projeções que alternam e sobrepõem imagens de Chico, dos filmes que assistia (Renato lembra, por exemplo, os de Bruce Lee) e grafismos que remetem às raízes de um manguezal. A instalação, baseada em software desenvolvido pelo designer Jarbas Jacome, deve ser substituída após curadoria futura. No terceiro ambiente, que a equipe batizou como “educativo”, está reunida uma DVDteca com vídeos que faziam parte do repertório do artista, além de outros títulos indicados pelos amigos e músicos contemporâneos. O espaço também abrange uma biblioteca com livros e quadrinhos que, de forma direta ou afetiva, estão relacionadas a Chico. “Pegamos uma média do que a gente consumia na época e agora vamos juntando a uma lista de novidades que vamos consumindo”, revela Duda, que enfatiza o caráter de “progresso” do memorial. “Sempre pensamos neste espaço como um local de permanente transformação”, afirma.


Casa do carnaval

CENTRO DE FORMAÇÃO, PESQUISA E MEMÓRIA CULTURAL

Como iniciativa da Prefeitura do Recife, no ano 2001, por meio do Departamento de Documentação e Formação Cultural, cria-se o Centro de Estudo e Pesquisa em Cultura Popular. Em 2005, como iniciativa da Secretaria de Cultura do Recife, o Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural, como passou a ser denominado, foi vinculado à Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural, estando sob a coordenação da Gerência de Preservação do Patrimônio Cultural Imaterial.

Para atender a objetivos socioculturais e econômicos, aprofundar a experiência de fortalecimento das políticas culturais e dar consistência às estratégias de formação, informação e preservação do nosso patrimônio, ocorre a ampliação das atividades desenvolvidas pelo Centro, criando recursos e orientações para geração de renda dos produtores culturais, além de promover e preservar as manifestações artísticas, por intermédio da pesquisa e conseqüente ampliação do acervo documental.

OBJETIVOS
Processar e disseminar as informações documentais;
Desenvolver sistema de cooperação com outros centros de estudo e pesquisa regionais e nacionais;
Manter uma base de dados sobre cultura popular;
Fortalecer as diversas formas de manifestações culturais do Recife;
Promover e assessorar, por meios de oficinas e seminários, os produtores e público interessado, viabilizar estratégias de organização das suas produções, sejam escritas, orais ou apresentadas em outras linguagens, como o artesanato ou a dança.


FUNCIONAMENTO

Serviço de processamento técnico dos documentos (conservação preventiva de documentos);
Serviço de pesquisa;
Serviço de atendimento ao usuário;
Cessão de acervo (Exposições Itinerantes);
Acompanhamento de projetos;
Realização de exposições temáticas;
Promoção de capacitações, cursos, oficinas e seminários.


ACERVO

O acervo do Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural - Casa do Carnaval é composto de livros, periódicos, folhetos, cartazes, registros fotográficos, exposições, audiovisual (fitas VHS, CDs, CDs-ROM, disco em vinil, fitas K7, slides) referentes às nossas manifestações culturais.
As exposições resultantes do processo de trabalho têm um caráter itinerante, podendo ser tomadas por empréstimo pelas escolas da rede pública ou privada e instituições congêneres.


2.3 Mercado de São José

É o mais antigo edifício pré-fabricado em ferro no Brasil, exportado da Europa para o Recife, no final do século XIX. Foi projetado pelo engenheiro da Câmara Municipal do Recife, J. Louis Lieuthier, em 1871, que se inspirou no Mercado de Grenelle, de Paris, e construído pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, responsável também pela construção do Teatro de Santa Isabel. O Mercado de São José foi inaugurado no dia 7 de setembro de 1875 e assim chamado por ter sido edificado no bairro de São José. Foi construído no mesmo local do antigo Largo da Ribeira do Peixe, onde eram comercializadas várias mercadorias para o consumo da cidade do Recife. Passou desde a sua criação por algumas reformas, como a de 1906, cujas obras duraram dez meses e a de 1941, quando foram colocados os combogós de cimento, em substituição às venezianas de madeira e vidro. Ambas modificaram a sua feição original mas deixaram intacta sua estrutura de ferro. Em novembro de 1989, uma parte do Mercado foi destruída por um incêndio que danificou sua estrutura. As obras de reconstrução só foram iniciadas quatro anos depois, em 1993, e sua reinauguração ocorreu em 12 de março de 1994. Antigamente, lá se apresentavam mágicos, acrobatas, ventríloquos, ouvia-se sons de pandeiros, zabumbas, cavaquinhos e sanfonas e havia muitos tipos populares, hoje, em grande parte, ausentes do local. O Mercado já foi o maior centro no Recife de cantadores, emboladores e da literatura de cordel. Do ponto de vista arquitetônico é um monumento nacional que não faz parte apenas do patrimônio cultural do Brasil, mas também da humanidade, pois se constitui num raro exemplar da arquitetura típica do ferro, no século XIX. Atualmente, com seus 46 pavilhões, 561 boxes cobertos e 80 compartimentos na sua área externa, além de 24 outros destinados a peixes, 12 a crustáceos e 80 para carnes e frutas, o Mercado de São José é um local onde se encontra o melhor do artesanato regional, comidas típicas, folhetos de cordel, ervas medicinais, artigos para cultos afro-brasileiros, sendo também um importante centro de abastecimento do bairro de São José e um ponto de atração turística na cidade do Recife.

Tombamento do mercado São José

Em 1973, o historiador Flávio Guerra solicitou o registro de tombamento do 1º mercado público, construído no Brasil. O São José em Recife, conforme o processo 883-T-73, transcrito no livro do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional – IPHAN, vol.1, inscrição nº 445, folha 73 e no livro de Belas Artes vol.1, inscrição nº 509, folha 92, ambos registrados em 17 de dezembro de 1973. O mercado é uma obra prima do século XIX, reconhecido como símbolo da arquitetura moderna e da cultura nacional. O mercado tem um passado de glória, foi o único que conquistou um Diploma Internacional para o Brasil e mantém vivo o livro histórico de fundação. Uma relíquia de 128 anos.




3. Em época de Carnaval...


Galo da Madrugada

O Clube de Alegoria Galo da Madrugada foi criado em dezembro de 1977, numa reunião de amigos do bairro de São José no carnaval. O assunto primordial era a diferença entre os carnavais antigos e o atual (daquela época). Segundo Enéas Freire, presidente perpétuo da agremiação a idéia inicial foi de se formar um clube de frevo. O clube foi fundado oficialmente em 24 de janeiro de 1978, na Rua Padre Floriano, 43, no bairro de São José, O seu principal objetivo é reviver as verdadeiras origens e tradições do carnaval de rua. Para isso, O Galo convoca e congrega todos os seus foliões em um grandioso e sensacional desfile, através das manifestações mais espontâneas e populares, unindo clubes de frevo e grupos de mascarados, nessa grandiosa festa que se realiza todos os anos com êxito. O desfile do Galo da Madrugada vem sendo realizado todos os anos na manhã do sábado de Zé Pereira. Por tradição, O Galo começa a concentração deste dia, a partir das 5:30 da madrugada, com toques de clarins anunciando a alvorada do carnaval pernambucano, além de uma batalha de confetes, serpentinas e uma salva de fogos, O Galo desfila pelos bairros de São José e Santo Antônio, reverenciando o frevo, juntamente com milhares de foliões. Vários blocos se aliam a grandiosa festa, na véspera da saída do Galo. O Bloco Azulão, formado por funcionários do Bandepe (Banco do Estado de Pernambuco), realizam um Acorda Povo na noite de sexta-feira para a madrugada de Zé Pereira. Outros blocos e grupos aderem ao cortejo no final do desfile do Galo, como: O Rabo do Galo, a Galinha do Galo, entre outros. O Galo da Madrugada é considerado o Maior Bloco Carnavalesco do Planeta, conforme o GUINESS BOOK, o livro dos recordes, de 1995.


Enéas Freire

Enéas Alves Freire "Neinha", nasceu no Recife, no dia 02 de dezembro de 1921, no Pátio do Terço, bairro de São José. Foi o sétimo e último filho do casal Enéas Garcia Freire e Bernardina de Lima Alves. O Pátio do Terço, naquela época, já era um pólo de animação do carnaval do Recife. Ainda criança, Enéas mudou-se para a Rua Padre Floriano, 41, onde morou até casar-se em 1946. Naquela época, a Padre Floriano também já era um pólo de animação do Carnaval do bairro de São José e do Recife. Assim, podemos dizer que Enéas cresceu "brincando Carnaval". Foi nesta rua, no número 43, que, em 1978, juntamente com vários amigos, que "Neinha" fundou o maior bloco da terra: "O Galo da Madrugada", que entrou, em 1995, para o Livro dos Recordes - "GUINESS BOOK", como o maior Bloco de Carnaval do Mundo. Mas o carnavalesco começou em 1938, quando fundou sua primeira agremiação: a troça "Papagaio Louro". Era o início de uma grande jornada dedicada ao Carnaval e à cultura popular do Recife. Enéas era casado com Maria do Carmo Travassos Freire, D. Carminha. O casal teve quatro filhos: José Mauro, Antônio Carlos, Ana Nery e Gustavo Henrique Travassos Freire, todos grandes foliões, como seus pais.
No ano de 1949, Enéas participou, junto com vários amigos, da fundação da "Escola de Samba Estudantes de São José". Nos carnavais das décadas de 40 e 50, formou vários grupos mascarados e fantasiados de palhaços, que se destacavam pela beleza das fantasias, especialmente as máscaras e coletes. Já nas décadas de 50 e 60, comandou o Carnaval da Rua Padre Floriano, com o irmão Cláudio Freire, tornando aquela rua um dos melhores e mais animados pólos do carnaval de rua do bairro de São José e do Recife. Profissionalmente, Enéas sempre atuou de maneira autônoma, como corretor de seguros e imóveis e representante de madeiras do sul do País. Em novembro de 1977, surgiu a idéia de criar um bloco carnavalesco, do bairro de São José, que tocasse exclusivamente frevos e outros ritmos originais e tradicionais de nosso carnaval. Foi assim que, no dia 24 de janeiro de 1978, junto com seus filhos, genro e amigos, fundou o CLUBE DAS MASCARAS O GALO DA MADRUGADA, que realizou o primeiro desfile já no carnaval de 1978, então com 75 participantes. "Clubes das Máscaras" porque todos os participantes deveriam sair fantasiados de almas, morcegos, palhaços etc., usando máscaras, como os antigos grupos de foliões das décadas de 40, 50 e 60. "Galo da Madrugada" porque o bloco saia às 05h da manhã do sábado de Zé Pereira, ouvindo o cantar do galo.

O objetivo do bloco era que às 08h da manhã os participantes já estivessem nas ruas do Centro do Recife ( Concórdia, Nova, Camboa do Carmo, Dantas Barreto, Guararapes, Duque de Caxias, etc), "brincando o carnaval" junto aos comerciários e comerciantes que estavam abrindo suas lojas para iniciar o "trabalho" no sábado de Carnaval.
No ano de 1981, Enéas criou o Baile dos Estandartes, que foi realizado no Clube Português do Recife por 13 anos consecutivos. Nos anos 80 e 90 realizou o desfile de "Banho à Fantasia de Papel", na Avenida Boa Viagem. Em 1983 realizou um Carnaval especial no bairro de São José, transformando o local em um imenso Palco Carnavalesco.

Em 1984 teve a coragem de inovar e colocar as Orquestras de Frevo em Trios Elétricos, para melhor atender aos milhares de foliões que já acompanhavam o "Galo da Madrugada". Em 1984 fundou o Bloco das Ilusões, em conjunto com sua esposa, diretores do "Galo da Madrugada" e outros amigos, entre eles: Fernando Azevedo, Fernando Bezerra, Dirceu Paiva, Marcos Macena, Nilzardo Carneiro Leão e Arnaldo Rocha. Ainda em 1984, em pleno mês de maio, realizou um grande desfile em Boa Viagem recepcionando os participantes do Congresso Internacional das Agências de Viagem, realizado no Recife, pela ABAV – Associação Brasileira das Agências de Viagens. Em 2007, ano do Centenário do Frevo, Enéas Freire foi homenageado no desfile da "Escola de Samba Mangueira", do Rio de Janeiro, que levou o Recife para a Marquês de Sapucaí.



Batutas de São José

O Bloco Carnavalesco Misto Batutas de São José foi fundado no dia 5 de junho de 1932, no Pátio de São Pedro, n.33, (Recife), com uma festa animada pela banda do 21º Batalhão de Caçadores. Surgiu como uma dissidência do Batutas da Boa Vista e é o mais antigo bloco carnavalesco misto em atividade ininterrupta do Recife.

A história do bloco foi contada através das músicas do compositor e carnavalesco João Santiago dos Reis, que se inspirou no dia-a-dia da agremiação. Personagens importantes da agremiação foram homenageados por ele como o fundador Augusto Bandeira, na música A vitória é nossa; Edite, figura obrigatória da ala feminina do bloco, em Edite e o cordão; Osmundo, um barbeiro que sempre foi o reco-reco de ouro do bloco, lembrado na música Reminiscência; Levino Ferreira, um dos mais importantes compositores de frevos-de-rua do carnaval de Pernambuco, em Escuta Levino. O maior sucesso comercial do Batutas, no entanto, foi a música Você sabe lá o que é isso, também de autoria de João Santiago, feita para o carnaval de 1952 e que ficou conhecida como o hino do bloco:

Eu quero entrar na folia, meu bem
Você sabe lá o que é isso
Batutas de São José, isso é
Parece que tem feitiço
Batutas tem atrações que,
Ninguém pode resistir
Um frevo desses bem faz,
demais a gente se distinguir

Deixe o frevo rolar
Eu só quero saber, se você vai brincar
Ah! Meu bem sem você não há carnaval
Vamos cair no passo e a vida gozar


Passaram pelo bloco, além de João Santiago e Levino Ferreira, outros grandes compositores como Edgard Moraes, Nelson Ferreira e Álvaro Alvim. João Santiago dirigiu a orquestra Jazz do Batutas de São José, em 1958. A partir de 1959, passou a comandá-la o maestro Mário Guedes da Silva. Hoje, o bloco é freqüentado e administrado apenas por antigos sócios. A juventude o esqueceu, não colabora mais. A sede atual fica localizada no bairro de Afogados e suas únicas fontes de renda são os bailes realizados aos domingos e uma verba de ajuda de custo recebida da Prefeitura da Cidade do Recife. A falta de maior incentivo do poder público, dívidas trabalhistas, além do abandono da maioria dos sócios beneméritos colocam em risco a sobrevivência da agremiação, de tantas tradições e contribuições ao carnaval recifense e à cultura pernambucana.


Estudantes de São José

A escola foi criada por um grupo de estudantes que resolveu desfilar pelas ruas do bairro São José durante o carnaval, vestidos com o saiote usado à época pelas colegiais. Um desses estudantes era o hoje conhecido maestro José Menezes. Até 1958, a escola só desfilava pelo bairro. No ano seguinte, passou a disputar oficialmente o carnaval recifense. Após o carnaval de 1992, participou do racha na FESAPE, ficando alguns anos disputando o carnaval da Federação Carnavalesca de Pernambuco, até a instituição do desfile da AESPE em 2000. Várias personalidades da rádio e da TV pernambucanas já desfilaram no Estudantes a exemplo de Mozart, Jorge Danel e Belo Xis. Também personalidades de fora do estado já participaram dos desfiles da agremiação, a exemplo dos Originais do Samba. Em sua quadra já cantaram os artistas Martinho da Vila, Beth Carvalho, Lecy Brandão, Noca da Portela, entre outros. Conquistou, ainda, vários títulos de Rainha do Carnaval com as candidatas que apresentou.



4. Hoje no Bairro de São José

Localização: Situa-se na RPA: 1, Microrregião: 1.2

Área Territorial (hectare): 178,0

População Residente (2000): 8.653 hab

Taxa Geométrica de Crescimento Anual (1991/2000): -2,39

População Residente por Sexo:
Masculina: 4.164
Feminina: 4.489

População por Faixa Etária:
0 - 4 anos: 912
5 - 14 anos: 1.834
15 - 39 anos: 3.743
40 - 59 anos: 1.444
60 anos e mais: 720

Taxa de Alfabetização da População de 15 anos e mais: 78,33
Número Total de Domicílios: 2.415
Domicílios Particulares: 2.323
Domicílios Particulares Permanentes: 2.285
Domicílios Particulares Improvisados: 38
Unidades em Domicílio Coletivo: 92

Densidade:
Demográfica (Habitante/Hectare): 48,61
Domiciliar (Habitante/Domicílio): 3,58

Proporção de Mulheres Responsáveis Pelo Domicílio: 48,10

Quantitativo de Imóveis por Uso (IPTU/Sec. de Finanças):
Imóveis Residenciais: 1.597
Imóveis não Residenciais: 2.458
Terrenos: 2.491

Rendimento Nominal Médio Mensal dos Responsáveis por Domicílios com Rendimento Mensal: Total: R$ 314,07
Rendimento Nominal Mediano Mensal dos Responsáveis por Domicílios
Rendimento Mensal: Total: R$ 190,00

5. Conclusão


No início da pesquisa, pensamos que não encontraríamos muito valor histórico e cultural nas antigas edificações do Bairro de São José. Porém, no decorrer desta atividade descobrimos a importante para a história de Pernambuco com diversos pontos turísticos, não só como o mercado São José ou eventos festivos durante o ano,mas lindas e antigas igrejas, centros culturais e museus. Todos esses, são patrimônios arquitetônicos que permanecem vivos até hoje.

Durante nossas visitas notamos a falta de conhecimento e de interesse dos habitantes da localidade para com a história do Bairro. Percebemos também o desinteresse público em preservá-lo. Enfim, o trabalho foi muito proveitoso pelo conhecimento adquirido em um curto espaço de tempo.


6. Referências

Bairro São José:

CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e seus bairros. Recife: Câmara Municipal, 1998. 166p.
IBGE. Censo demográfico 2000. Brasília, DF, 2000.
MATOS, Almícar Dória. Bairro de São José: um itinerário de saudade. Recife: Comunigraf; Prefeitura da Cidade do Recife, 1997.
RECIFE. Prefeitura. Perfil municipal: histórico e evolução urbana. Recife, 1989.
SILVA, Leonardo Dantas. Carnaval Do Recife. Recife: Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2000. 321p. Disponível em: www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=317&textCode=2687&date=currentDate>. Acesso em: 20 maio 2009.


Igreja de São Pedro dos Clérigos:

Fundação Joaquim Nabuco


Igreja Nossa Senhora do Terço:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.
GUERRA, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife: Fundação Guararapes, 1970.


Igreja Nossa Senhora da Penha:

Material foi fornecido pela própria Igreja.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo:

Disponível em:
http://www.recifeminhacidade.hpg.ig.com.br/menu_indice/bairros/basilica_do_carmo.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Nossa_Senhora_do_Carmo_(Recife)
http://74.125.113.132/search?q=cache:E8qoNicYiUwJ:www.cerescaico.ufrn.br/mneme/anais/st_trab_pdf/pdf_6/graca_st6.pdf+Reforma+Tur%C3%B4nica&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Nossa_Senhora_do_Carmo_(Recife)
Material informativo da Prefeitura do Recife: Secretaria de Planejamento, Obras e Desenvolvimento Urbano e Ambiental – 8º Andar

Igreja São José:

Folheto distribuído pela própria Igreja.

Museu de Arte Popular:
Disponível em:
http://www.recife.pe.gov.br/2008/11/21/recife_ganha_nova_sede_do_museu_de_arte_popular_164772.php
http://www.miramarmaragogiresort.com/recife/index.html
Material fornecido pelo próprio Museu

Estação Central do Recife:
Disponível em:
http://www.flickr.com/photos/raul_lisboa/1010332015/
http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcp_pe/central.htm
http://peredescoberto.blogspot.com/2007/11/museu-do-trem.html
http://www.recife.pe.gov.br/2005/04/28/mat_132449.php

Sobre o Centro Cultural Banco do Brasil
Disponível em:
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Forte das Cinco Pontas:

BARBOSA, Antônio. Relíquias de Pernambuco: guia aos monumentos históricos de Olinda e Recife. São Paulo: Fundo Educativo Brasileiro, 1983 .
BARBOSA, Fernanda de Paula. O Forte das Cinco Pontas. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1972. Separata da Revista do Departameto de Cultura, n. 5.
MOTA, Mauro. Fortalezas do Recife: Cinco Pontas e Brum. Arquivo Público Estadual, Recife, n. 1, p. 79-86, jan./jun. 1946.
RIBEMBOIM, José Alexandre. As comunidades esquecidas: estudo sobre os cristãos-novos e judeus da vila de Igarassu, capitania de Itamaracá e cidade Maurícia. Recife: Officina das Letras, 2002.
SILVA, Leonardo Dantas. Pernambuco preservado: histórico dos bens tombados no Estado de Pernambuco. Recife: Ed. do Autor, 2002.
Disponível em: http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=303&textCode=1736&date=currentDate>. Acesso em: 23 maio 2009.


Monumento Frei Caneca:
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977. Disponível em: http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=303&textCode=1736&date=currentDate>. Acesso em: 26 maio 2009.

Casa da Cultura:
CARRAZONE, Erica. Brennand e a Casa da Cultura. Suplemento Cultural D.O PE, Recife, ano 10, p. 9, jan. 1997.
FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco, 1977. p. 112.
SOUSA, Alberto. O classicismo arquitetônico no Recife imperial. João Pessoa: UFPB, Editora Universitária; Salvador: Fundação João Fernandes da Cunha, 2000. p. 86-98. Disponível em: http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=300&textCode=901&date=currentDate>. Acesso em: 20 maio 2009.

Memorial Luiz Gonzaga:
Disponível em: . Acesso em: 23 maio 2009.

Memorial Chico Science:
BELÉM, M. Eduarda. Recife. Disponível em: . Acesso em: 26 maio 2009.

Casa do Carnaval:
 Disponível em:
http://www.recife.pe.gov.br/2007/07/12/mat_145038.php

Mercado de São José:
HÉLIO, Mário. Pesquisador quer vida nova para o Mercado de São José. Jornal do Commercio, Recife, 7 set. 1995. Caderno C, p.1.
SANTOS, José Batista dos. Pernambuco histórico, turístico, folclórico. [Recife: s. n.], 1989. p.283-284.
SILVA, Geraldo Gomes da. O Mercado de São José e sua arquitetura. Arquivos, Recife, n.2, p. 137-188, dez. 1977. Disponível em: http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=309&textCode=875&date=currentDate>. Acesso em 22 maio 2009.

Galo da Madrugada:
LIMA, Claudia M. Assis Rocha. O GALO da Madrugada. Recife. Disponível em: . Acesso em: 26 maio 2009.

Enéas Freire:
Disponível em: http://www.carnavaldorecife.com.br/carnaval.php?pag=homenageados>. Acesso em: 22 maio 2009.

Batutas de São José:
 Disponível em: http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=299&textCode=2678&date=currentDate>. Acesso em: 22 maio 2009.


Estudantes de São José:
Disponível em:
WIKIPÉDIA. ESTUDANTES de São José. Recife. Disponível em: . Acesso em 22 maio 2009.


Hoje no Bairro de São José:
 Disponível em:
http://www.recife.pe.gov.br/pr/secplanejamento/inforec/saojose.php

Um comentário:

Memória da Mata Sul disse...

Professor Biu Vicente, navegando em seu blog, foi prazeroso obter informações sobre fatos relacionados à igrejas e afins.

Em uma de suas postagens, pude testemunhar informações que apontam para o artista plástico Murillo La Greca, o que deixou-me deveras orgulhoso.

Devo informá-lo que, o ilustre pintor é natural daqui, de Palmares, nascido em 03 de agosto de 1899, tinha apenas 7 anos de idade quando foi fundada a Biblioteca do Clube Literário da Terra dos Poetas.

Radicados no município, seus pais, Vicenzo Lagreca e Tereza Carlomagno, italianos, vieram para cá, atraídos pela efervescência da cultura local.
Murilo era um impressionista, dedicou-se por toda a vida ao que existia na natureza e o fez de modo esplêndido. Começou a se interessar pela pintura quando tinha apenas 12 anos. Aos 18, deixou o Recife e foi estudar no rio de Janeiro. Entre 1919 e1925, residiu em Roma, onde se matriculou em três escolas de arte. Durante esse período foi estimulado por seu irmão mais velho, José Lagreca, que sempre financiou suas viagens para estudar.
Voltou ao Brasil em 1926 conquistando o reconhecimento de seus conterrâneos, premiado em diversos salões nacionais, entre elas uma medalha de prata do salão oficial de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1927, com o quadro “Os últimos fanáticos de Canudos”.
Durante sua segunda estada no Rio de Janeiro conheceu o pintor Cândido Portinari, com quem chegou a dividir apartamento. Mesmo depois de morar no Recife continuaram a se corresponder por bom tempo.
Com a morte de sua esposa, em 1967, seu ritmo de produção diminuiu consideravelmente, pois Silvia era para ele companheira de profissão e musa inspiradora, tendo sido retratada em diversos quadros.
Murillo La Greca expirou no Recife no ano de 1985, aos 86 anos de idade, sóbrio e feliz com a fundação do Museu que guarda parte de suas obras. Deixou para Pernambuco várias produções, a maior delas os afrescos da abóbada da Basílica de Nossa Senhora da Penha, uma produção única em todo o Brasil.